Caros amigos,

Nosso Pé continua no caminho, e após aproximadamente um ano e meio da estréia do espetáculo “Argumas de Patativa”, o grupo entrou, em janeiro de 2007, no processo de criação do nosso novo trabalho: “O Causo da Onça” – uma adaptação da “História da Tigresa” de Dario Fo, encomendada ao nosso competente dramaturgo Olavo Dadá O´Garon.

A adaptação, que muito nos agradou, já estava escrita há mais de um ano e consiste não só da tradução da peça para o cearês mas da criação de uma outra obra, intimamente relacionada à cultura popular brasileira, cheia de novas situações, piadas, e abordando temas que dizem respeito à realidade de nosso paí­s. O resultado é divertidí­ssimo e, mais uma vez, nos mostrou o grande talento do Olavo.

A pesquisa que estamos realizando para a construção do espetáculo- um monólogo aos moldes darifozianos, a ser representado pelo ator Danilo Nunes ““ iniciou com o estudo sobre o dramaturgo (o primeiro- Fo, não o Olavo) e suas técnicas (cheias de vozes e gestos) de “contar histórias”. Para tal, estamos trabalhando com exercí­cios práticos, treinando gramelot, ritmo, precisão gestual, mí­mica, etc… Lemos os únicos livros em português que conseguimos encontrar sobre as técnicas do grande mestre italiano: “Manual Mí­nimo do Ator”, do próprio, e “A Cena de Dario Fo: O Exercí­cio da Imaginação” de Neyde Veneziano além de outras peças de Dario Fo. Também assistimos várias horas de ví­deos (muita coisa pode ser baixada na internet pelo e-mule) do homem dando entrevistas, cursos, palestras e, o que é mais importante, representando seus textos. O objetivo deste primeiro momento da pesquisa é entender o arsenal técnico de Dario Fo, além de estudar o seu posicionamento polí­tico, estético e humano( a serviço de quê está o seu teatro?).

Juntamente com esta pesquisa estamos trabalhando na construção do personagem-narrador, que é uma espécie de Zanni nacional, o que nos leva a segunda parte da pesquisa que iniciaremos esta semana.
Sinceramente não nos interessa, pura e simplesmente montar um espetáculo aos moldes de Dario Fo, por mais bem executado que possa vir a ser. O que buscamos é absorver seus preceitos e técnicas e colocá-los a serviço de uma estética nossa, que passa pela cultura popular brasileira, mas também não se encerra nela.

Nessa nossa segunda fase de estudos queremos encontrar, dentro do universo da cultura popular nordestina, quais as funções sociais que correspondem a dos jograis europeus da idade média e a dos fabulatori da região lacustre da Itália (personagens que inspiraram Dario na criação de sua técnica de racconto) . Mesmo com a pesquisa em seu iní­cio, já temos algumas pistas sobre a relação do brincante com o jogral e a do contador de causo com o fabulatori.

Nesse estudo, vem sendo de grande ajuda os livros: “O Conto Popular e a Comunidade Narrativa” e antologia “Contos Populares Brasileiros – Ceará” de Francisco Assis de Souza Lima, que nos foram presenteados pelo próprio autor, que, além destes, nos deu mais 3 livros de sua autoria, além de 5 cd´s com trilhas sonoras de Antônio Madureira (ex- Quinteto Armorial) para peças que ele escreveu em parceria com Ronaldo Correia Brito. Somos Gratos Assis!
Durante o processo irei postando mais notí­cias sobre nossos avanços e dificuldades em contar esse “Causo”.

Mateus Faconti




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