A literatura de cordel é uma espécie de representação da cultura popular escrita, em formato de poesia, impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Ganhou este nome, pois é exposta ao povo amarrados em cordões, que são estendidos em pequenas lojas de mercados populares, feiras, praças ou até mesmo nas ruas. Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e história de uma época.

Em meio à ficção resgatam-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura, etc. Esta literatura chegou ao Brasil através dos portugueses, na segunda metade do século XIX, e aos poucos foi se tornando popular. O objetivo de mostrar esta literatura é trazer, não só aquilo que todos conhecem, mas também curiosidades, tais como: as variações da metrificação deste estilo, os grandes escritores, bem como informar a existência da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Demonstraremos, com isso, a existência de estudos especí­ficos sobre a estrutura narrativa por temas/estórias, uma possí­vel classificação de perí­odos e também que esta forma de escrever influenciou alguns escritores brasileiros, a saber: Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto. Convém ressaltar que tal literatura também é utilizada no nordeste como forma de alfabetizar e em outros estados brasileiros, por alguns professores, como forma de introduzir a poesia e a literatura para crianças.

Proporemos desta forma apresentar alguns exemplares para manuseio e leitura, afim de despertar o interesse na comunidade cientí­fica acerca do aprofundamento destes estudos. Os futuros educadores da lí­ngua portuguesa devem ter motivação em buscar fenômenos literários contemporâneos desenvolvidos no Brasil, ainda que estas sejam predominantes em algumas regiões. Com base nesta exposição trazer à tona a interatividade lingüí­stico/cultural da Lí­ngua Portuguesa.

“Preste atenção por favor
na história que vou contar
ela explica o que é cordel
grande manifestação popular.”

( Paulo Araújo )

A literatura de cordel, aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Trata-se de uma poesia folclórica e popular com raí­zes no nordeste do Brasil. Consiste, basicamente, em longos poemas narrativos chamados romances ou histórias impressos em folhetins ou panfletos de 32 ou, raramente, 64 páginas que falam de amores, sofrimento ou aventuras, num discurso heróico de ficção.

Em todo o mundo, desde tempos imemoriais, a grande tradição da literatura culta correspondeu à transmissão oral de contar histórias em praças públicas ou teatros reais. Quando surgiram as máquinas impressoras, a divulgação dessas obras de pequena tradução literária estendeu-se a um número maior de leitores: algumas eram escritas em prosa a maioria, porém, aparecia em versos, pois era mais fácil, a um público analfabeto, decorar versos e mais versos, lidos por alguém.

Esta foi brevemente a trajetória daquilo que se chamou, na França, Literatura de Colportage (mascate); na Inglaterra Chapbook, ou balada; na Espanha Pilego Suelto, em Portugal, Literatura de Cordel ou folhas volantes. No Brasil e também na América espanhola a mesma trajetória foi seguida. Também aqui se conta e se canta em prosa e verso. Há em todo o paí­s uma longa tradição e a presença sempre atuante de cantorias, improvisos e desafios: os poetas populares dizem , em versos, suas mágoas, alegrias, esperanças e desesperos do dia-a-dia.

“E depois de achar o mote
que o cordelista procura
Qual o tamanho do verso e
como é sua estrutura?”

Os folhetos de cordel possuem um número variável de páginas: 8, 16, 32 ou 48. Os dois primeiros tipos são, geralmente, destinados a contar algo ocorrido na região – os chamados versos noticiosos. Os mais longos são romances, que narram histórias de ficção ou da carochinha. Os versos são escritos em sextilhas ““ estrofes de seis linhas com sete sí­labas poéticas cada uma com o seguinte esquema de rimas: AXBXCX, raramente são escritos em setilhas AXBXCCX ou décimas, que obedece ao esquema de rimas já consagrado na categoria de viola: ABBAAXXOOX

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Néya Maciel, graduanda do segundo ano do curso de Letras pela CEULAR (Centro Claretiano) em Batatais-SP, iniciou sua pesquisa sobre a Literatura de Cordel em 2006, a qual pretende utilizar como tema de seu TCC em 2008, sugerindo que o Cordel não é somente um folclore popular, divulgando assim sua história, seus representantes e a evolução desta modalidade literária.




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47 Comentários para “Literatura de Cordel”

  1. 1 ayne

    ter mais um pouco de sua história na paraiba .
    e fazer que os jovens se insentivarem pela a literatura de cordel que não é muito divulgada em lojas e livrárias !!!
    a literatura evoluir a mente e acriatividade do adolescente dessenvolver aos poucos …

  2. 2 ayne

    AYNE
    cordel
    em livrarias
    e melhor emque feirade artesanato !!!

  3. 3 NEYA

    O cordel para chegar ás livrarias tem que percorrer um caminho longo de divulgação, pois muitas pessoas, pelo menos no estado de São Paulo, não tem noção da riqueza desta literatura.

  4. 4 silvia

    Eu e minhas colegas de classe do curso de Direito estamos fazendo um trabalho sobre a literatura de cordel, e gostariamos muito de conseguir algumas entrevistas com cordealistas em SP,se alguem conhecer, algum seria de grande ajuda..

  5. 5 Cinthia

    Estou cursando história e pretendo fazer o meu TCC sobe literatura de cordel! Se alguem puder me dar informações sobe esse tema, qualquer que seja, já será de grande ajuda! Meu email e: tita.borges@yahoo.com.br

    Bjos e agradecimentos desde ja!

  6. 6 neya

    CAros colegas

    Informações sobre literatura de cordel poderão ser adquiridas nos sites

    http://www.ablc.com.br – Academia brasileira de literatura de cordel

    fotolog.terra.com.br/cordelnaescola
    site do escritor Arievaldo Vianna

    Ou através do e-mail acordacordel@hotmail.com.br

  7. 7 tatttava

    é melhor bota uma literatura de cordel

  8. 8 Fabiana

    olá estou na 6ª série do ensino fundamental e estou fazendo um trabalho sobre litarura de cordel
    gostaria de saber: Qual é a função da literatura de cordel na arte?

    Obrigada

  9. 9 João Victor

    eu adorei esse site.eu estou 4 serie e esou istudando literatura de coldel foi muito bom ter pegado nesse site.

    AQUELE ABRAÇO

  10. 10 Regina

    Gostaria de saber como vêem a Literatura de Cordel na Região Sudeste, principalmente, no Rio de Janeiro, para o povo e e para a elite.
    Motivo: Estou pesquisando com a finalidade de fazer um trabalho acadêmico a favor da Literatura de Cordel.

  11. 11 clarissa

    muito boa a explicação sobre a literatura de cordel….
    mas acho que os exemplos dados não são convincentes…
    sou uma garota de 14 anos que lê muito e adoro esse tipo de leitura,pois lembra a miha região,
    sou nordestina pé de serra e a literatura de cordel consegue aproximar outras culturas da minha.
    sou baiana,nasci no sul do estado numa cidadezinha chamada itajuípe,e aqui não são todas as adolescentes que tem o mesmo hábito que eu…
    quando leem,e SE leem,o que entendem mesmo é apenas as dicas de moda que são dadas em revistinhas para adolescentes.
    fico triste com essa situação porque está desvalorizando a minha cultura,e a literatura de cordel talvez mude essa situação

  12. 12 Francisco

    Muito bom gostei muito…….

  13. 13 Sou a sarah

    eu sou da 4série do ensino funtamental e tive que fazer um cordel e foi aki que eu achei o cordel!!!vocês fazem um ótimo trabalho!!
    obrigada

  14. 14 maria vitoria pazinatto vendruscolo pastore

    oi,minha professora leu um livro de cordel para a turma e eu gostei muito foi muito bem creado o livro foi escrito por Bráulio tavares
    fala sobre um andarilho que encontrou uma menina chamada isabela que quase foi atacada por uma onça e ele foi para uma casa mal asombrada muito legal.
    Tinha que faser um desenho eu fis da casa mal asombrada lindo

  15. 15 tenilda

    bom gostei do site sou professora de portugues da 4 serie e pretendo dar aula sobre cordelaos meus alunos e esse site me ajudou muito!

  16. 16 silvia fabricia ?

    ´esse site é ótimo me ajudou muito a fazer o meu trabalho de redaçao sobre literatura de cordel

  17. 17 thayna

    doreiiiiiiiiiiiiiiiiii bejusssssssssssss

  18. 18 Raimundo Nonato da Silva

    O Poeta
    Autor Raimundo Nonato da Silva

    Sou simples, mas sou poeta.
    Por isso agradeço a Deus
    Porque através do verso
    Canto os sentimentos meus
    Mas quem não nasceu poeta
    Não pode cantar os seus

    Eu canto os meus e os seus
    Seja alegria ou tristeza
    Sou um poeta plebeu
    Convivo com a pobreza
    Mas a minha poesia
    Eu não troco por riqueza

    Já pensou se na pobreza
    Que eu vivo todo ano
    Se eu não fosse repentista
    Pra cantar meu desengano
    Eu não sentia alegria
    E era um homem sem plano

    Eu paquero com a rima
    Namoro com a cantoria
    Sou noivo com a viola
    Casado com a poesia
    E junto com a inspiração
    Tenho tudo que queria

    Sou um amigo do verso
    Companheiro do repente
    Colega do improviso
    Que chega na minha mente
    Fã da musa inspiradora
    Que me faz ser sorridente

    Deus me deu eu acho bom
    Esse dom como uma oferta
    É uma dádiva tão boa
    Que eu fiz a descoberta
    Que eu só devo usar ele
    Quando for à hora certa

    Gosto tanto da viola
    E do seu bonito som
    Se Deus quisesse trocar
    O mundo todo em meu dom
    Eu ainda não trocava
    Porque cantar é tão bom

    Poesia é meiga e pura
    Mais doce do que geléia
    Sou um aluno de Deus
    E amigo da platéia
    Eu sou humilde mais tenho
    Assunto sonho e idéia

    Sou menestrel sou aedo
    Sou um poeta sou vate
    Minha poesia é pura
    Contem o melhor quilate
    Sou um herói sou guerreiro
    Que não foge do combate

    Suo compositor sou musico
    Sou bardo sou um cantor
    Sou escritor da natura
    E como sou trovador
    Nada faço para mim
    Sim pra louvar o senhor

    A minha imaginação
    É como um computador
    Seu quiser faço um desenho
    E pinto com qualquer cor
    Por que Deus mim fez poeta
    Desenhista e bom pintor

    Eu também suo escultor
    Sei esculpir e talhar
    Sou pedreiro e escritor
    E gosto de trabalhar
    E sou até um cantor
    Quando eu quero cantar

    Na cultura popular
    Aprendi fazer repente
    Tem muita gente que diz
    Você é inteligente
    Quem sabe um pouco de tudo
    Então é polivalente

    Outro diz que minha mente
    É uma fonte que cria
    O meu desenho parece
    Com a minha poesia
    E a pintura do verso
    Vou fazendo todo dia

    O poeta é detetive
    Curioso e jornalista
    Pensa pra poder fazer
    Canta toca e é repentista
    Não tem artista maior
    O poeta é maior artista

    Se o carro sair da pista
    Ele ou o motorista é ruim
    Poeta não sai da métrica
    Deus fez o poeta assim
    Pra andar na linha reta
    Certo do principio ao fim

    Através da poesia
    O poeta faz novela
    Filme e escreve romance
    De uma forma muito bela
    Só sábio entende o poeta
    O que ele faz Deus revela

    O poeta escuta e fala
    É muito meditabundo
    Inspira e é inspirado
    Por ele ser tão profundo
    Quem é poeta não vive
    Muito tempo aqui no mundo

    O poeta é oriundo
    Confunde os homens ateus
    Quem ver sua inspiração
    E os lindos versos seus
    Passa acreditar no céu
    E começa chamar por Deus

    Ele estar perto de Deus
    Mesmo o céu sendo distante
    Faz do improviso um carro
    E passa a ser viajante
    Através do pensamento
    Anda o mundo no instante

    O poeta é um amante
    Ele conhece o amor
    É Dublê e cineasta
    Ator e um grande autor
    Mesmo que quem tenha inveja
    Não conheça o seu valor

    O poeta é locutor
    Interprete musico e palhaço
    Mesmo que a mídia se esconda
    Sem querer lhe dá espaço
    O inteligente sabe
    Que ele vai passo a passo

    O poeta é um pedreiro
    Arquiteto e tem talento
    É construtor que faz prédio
    Edifício e monumento
    No alicerce da rima
    Com a planta do pensamento

    Se você está doente
    De amor e de paixão
    Venha e fale com o poeta
    Que vai saber com razão
    Que ele é o Psicólogo
    Da mente do coração

    Sem precisar de lição
    Seja o grande ou o miúdo
    Ele faz do pouco muito
    Multiplica conteúdo
    Um homem simples e humilde
    Mais sabe um pouco de tudo

    Apenas disse um pouquinho
    Do que você quer saber
    Espero que este pouco
    Der pra você entender
    Que o poeta é tanta coisa
    Que eu não sei nem dizer

    Poeta é advogado
    Que defende a natureza
    É um juiz sem justiça
    E sem força pra defesa
    Por isso é que o Brasil
    Ta cheio de safadeza

    Poeta não é um índio
    Mais sente o que o índio sente
    Porque poeta se inspira
    Olhando o meio ambiente
    É aluno da natureza
    A professora da gente

    Poeta é inteligente
    Todo sábio dele é fã
    Ele é especialista
    Estuda hoje e amanhã
    Chama o pássaro de colega
    E a árvore de irmã

    Poeta sabe escutar
    A voz linda do trovão
    E ele diz que é Deus
    Dando uma grande lição
    A um ensina viver
    E noutro passa carão

    O poeta tem noção
    E gosta de passear
    Vive mandando recado
    Das águas do rio pro mar
    Por ser um artista nato
    Tem o mesmo linguajar

    Ele sabe até chorar
    Mais só gosta de sorrir
    Um quer lhe é elogiar
    Outro quer diminuir
    Mas o poeta nem liga
    Sabe que vai conseguir

    Ate-nos que despontaram
    E nasceram para a luta
    Ta nos lábios da donzela
    No doce que tem na fruta
    Naquele que goza a vida
    Delicia-se e desfruta

    Poeta é estrategista
    Especialista em beijo
    Sabe se realizar
    E sabe matar desejo
    Esperteza de poeta
    Em outro homem eu não vejo

    Poesia esta no homem
    Sábio que busca o estudo
    Na cobra de corpo liso
    E no preá cabeludo
    Não falta esta, mas em nada.
    Vejo poesia em tudo

    Poesia esta na mãe
    Que sente uma grande dor
    Sujeita a morrer no parto
    Para provar seu amor
    Inda tem filho ruim
    Que não quer lhe dar valor

    Poesia esta na haste
    No caule e tronco da planta
    No quadro da natureza
    Que retrata a musa santa
    Nos sons das nossas violas
    E nos versos que a gente canta

    Poesia esta também
    Na brisa quando flutua
    Nos reflexos doa estrelas
    No brilho lindo da lua
    E no apito do guarda
    Que deixa o eco na rua

    Poesia esta nas obras
    Boas que são construídas
    Nas ovelhas encontradas
    E nas que estão perdidas
    E até no oxigênio
    Que é indispensável à vida

    Poesia esta na glosa
    No vate e na emissora
    No estudo do aluno
    No saber dar professora
    E no menino Jesus
    Que nasceu na manjedoura

    Poesia esta na greve
    Do professor na escala
    No rico que tem de tudo
    No pobre que pede esmola
    No mensageiro da rima
    Quando pega na viola

    Poesia esta na torre
    Construída em babel
    Na coragem de Abraão
    Na espada de Miguel
    E no néctar açucarada
    Que abelha produz o mel

  19. 19 Raimundo Nonato da Silva

    Contos e fábulas da natureza
    Autor poeta Raimundo nonato da silva

    O cachorro é candidato
    O Prefeito ou Senador
    O burro vota no gato
    Por que jegue é eleitor
    E se o gato se eleger
    Pode ser governador

    Comadre raposa agora
    É candidata que vem
    Pede o voto do cavalo
    E de dona égua também
    Raposa e política esperta
    A ladra pior que tem

    Compadre gato é também
    Presidente do partido
    Alem de chefe político
    Por que é muito sabido
    Enganando os bichos bestas
    Já estar enriquecido

    Compadre tigre também
    Diz que é Veria dor
    Comadre onça é assessora
    E o lobo devorador
    Diz que vai ser candidato
    E o bode é seu eleitor

    Mas o bode é pulador
    E não sabe com quem fica
    O tesoureiro é o lobo
    Deixa todos na fubica
    Mas cuidado com a raposa
    Se não agora ela inrrica

    Gato e raposa roubam
    Cachorro é sem consciência
    Lobo e rato roubam muito
    Por que tem inteligência
    Cada golpe de estado
    Acaba com a previdência

    Na missa da natureza
    É lógico que acredito
    O papagaio é o padre
    Que faz o sermão bonito
    Macaco assoveia e toca
    Pro galo cantar bendito

    O pardal eu admito
    Que ele é o são cristão
    A andorinha é a freira
    O jumento é com razão
    Coroinha da capela
    Que o louro faz sermão

    O papangu é o papa
    Que fala mais de um idioma
    Temos o papa larga ta
    Que não é papa de Roma
    No vaticano da mata
    Freio graúna se a proma

    O cachorro é o soldado
    Raposa é réu infeliz
    Macaco é advogado
    E o leão é juiz
    O tigre é o promotor
    Corta o mal pela raiz

    Já o gato acusa e diz
    O roubo que o rato fez
    Gato rico testemunha
    Rato pobre é pro xadrez
    E urubu por ser preto
    Com garça nunca tem vez

    Papagaio diz mais de uma vez
    Por ter descriminação
    Rato pobre urubu preto
    E galinha faz confusão
    Por que preto puta e pobre
    Sempre perde na questão

    O jumento é com razão
    A sentinela do foro
    O louro diz um ladrão
    Acusar outro ignoro
    O gato acusando o rato
    E com raiva disso eu choro

    Diz o papagaio no fórum
    O julgamento inicia
    O macaco é advogado
    Se ganhar faz alforria
    Mas se perder o réu vai
    Parar lá na encho via

    Julgado de noite a dia
    Um acusa outro defende
    Por que o disse e me desse
    Quanto mais se tira rende
    E o leão da um esturro
    Só a tigre é quem entende

    O criminoso se rende
    Mesmo sem ser réu confesso
    A audiência se finda
    E diz o macaco eu peço
    Que absorva o ratinho
    Pra ele fazer sucesso

    Na medicina ecológica
    O cachorro é o doutor
    Se outro bicho se fere
    Ele lambe e cura a dor
    A raposa é a paciente
    E a vitima do terror

    A garça é a enfermeira
    Eu digo e não é boato
    Cuida bem do gado e zela
    Quando cata carrapato
    O hospital da fazenda
    Pode ser curral ou mato

    O jumento é o vigia
    Da porta do hospital
    Seu cacêtete estar pronto
    Pra quem sair do normal
    Quem rejeita sua ordem
    Pode se da muito mal

    O casso te pula e canta
    Canta a rã e canta a gia
    Como uma banda de musica
    Cantam dentro da água fria
    Cururu e sapo boi
    Numa noite de harmonia

    Lá na mata o te teu pia
    E quem canta é a burguesa
    Canta a rola cascavel
    E o carão na represa
    Todos formam uma orquestra
    Do coral da natureza

    Tem mais de uma surpresa
    Numa lida colunata
    Perto de uma cachoeira
    Ouve se a voz da cascata
    Juntam se as vozes dos pássaros
    Com a queda da catarata

    Escuta se o papa larga ta
    Papangu e papa venta
    O cão late no terreiro
    No quintal rincha a jumenta
    Esta orquestra toda noite
    A natureza apresenta

    Quando a noite se ausenta
    Canta o galo no pule iro
    Porco ronca e pinto pia
    E o sonhinho prezepeiro
    Asso veia como um guarda
    Noturno em pé no terreiro

    Urra o boi quando o vaqueiro
    No pescoço bota a canga
    Já o macaco ligeiro
    A trepa se no pé de manga
    Enrola a ponta do rabo
    Com meça fazer moganga

    Do cachorro o gato manga
    Depois que defeca enterra
    Chia o rato no buraco
    De uma parede de terra
    Como alguém que se esconde
    Na fronteira de uma guerra

    Berra o bode no chiqueiro
    Quando o menino lhe amarra
    Pra cantar com a voz perra
    Na serra tem a cigarra
    Até mesmo os animais
    Também gostam de fanfarra

    Todo dia ali tem farra
    Quando o sol se descortina
    Canta a peitica e o canário
    e o galo de campina
    Rouxinol e patativa
    Numa manhã nordestina

    Urubu não faz buzina
    Mas depois que aterrissa
    Vê se uma multidão
    Cortejando uma carniça
    Como um bocado de gente
    Olhando o padre na missa

    Depois que o vento atiça
    A vaga lume se acende
    Já a aranha rendeira
    Que trabalha e se defende
    E quem vir mexer com ela
    Na sua rede se prende

    Somente o deus que entende
    A natureza abençoa
    Sabe por que peixe nada
    Sabe por que pássaro voa
    Por que cobra se arrasta
    E por que abelha ferroa

    Pra ficar com a voz boa
    O sabiá tem prazer
    Procura logo pimenta
    Mas só quer aqui arder
    Não tem ucéra nem grastite
    Nada vai lhe ofender

    Peba e tatu ao correrem
    Metem-se dentro da toca
    O gavião pega a cobra
    De uma mão pra outra troca
    Solta no chão e lhe pega
    Fazendo a maior fofoca

    As vazes na grande loca
    Esconde se a onça pintada
    O leão e a pantera
    Preparam-se pra cassada
    Que pela sobrevivência
    Lutam sem temer a nada

    Corre a raposa assanhada
    Comedo do lobo mal
    Com que fica a sua espera
    Dentro de um matagal
    Do jeito de um pistoleiro
    Pra da um golpe fatal

    João de barro especial
    Faz uma casa de terra
    Contem dois compartimentos
    Ele faz certo e não erra
    Talvez seja o mais sabido
    Doa pássaros que tem na serra

    Tem a ovelha que berra
    O Deus fazendo louvor
    O xexéu canta bonito
    Por ser um ótimo cantor
    Fazendo da natureza
    Uma escola de amor

    Meu verso aqui se encerra
    Falando nos matagais
    Nos pássaros e outros seres
    E todos os animais
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Pica-pau serra madeira
    Mesmo sem ter dentadura
    A formiga cria asas
    Para virar tanajura
    Rato se torna morcego
    E isto não é loucura

    Cada um tem o seu dote
    Pra lutar de noite a dia
    Gato é sargento ligeiro
    A onça é tenente e guia
    E do oitão do quartel
    O cachorro é o vigia
    Um no outro se confia
    Por se unirem em combate
    O leão diz bata em mim
    Na leoa ninguém bate
    Se eu não defender ela
    Meu filhote faz resgate

    O transporte do resgate
    Dar coice é mula ou jumento
    Detona explosão de peidos
    E é muito barulhento
    O gambá é arma química
    Por ter mijo fedorento

    Auto desenvolvimento
    Temos também a marinha
    No exercito lá da praia
    Cavalo marinho e sardinha
    Peixes de todas espessem
    Usando a força todinha

    A baleia é a rainha
    Topa todo desafio
    Pula alto e vai no fundo
    Não sente calor nem frio
    No porto do oceano
    É ele o maior navio

    Merece o meu elogio
    O tubarão com carinho
    Parece com um barco grande
    É ele o submarinho
    Que nesta força naval
    Ele não esta sonsinho

    Já a foca e o pinguinho
    Ensinam peixes nadar
    Cavalo marinho é guarda
    Esta sempre a vigiar
    Se ver peixe boi marinho
    Já corre a traz de pegar

    Quando a força do mar
    Se sente ameaçada
    O poraquê pra dar choque
    Combina-se com o espada
    E o peixe agulha também
    Enfrente qualquer parada

    Fora da água salgada
    Na doce tem a traira
    A piranha é a guerreira
    Vê o inimigo e mira
    Não usa arma de fogo
    Mais uma dentada atira

    Na força aéria se atira
    Cada um sem ter cansaço
    O louro conta piada
    O papagaio é palhaço
    E o vento ajuda o corvo
    Grande piloto do espaço

    De tudo eu sei um pedaço
    Do exercito da natura
    O sonhinho é trapezista
    O macaco lhe estrutura
    Quem usa o Brasão de arma
    Não pode fazer loucura

    O mar também tem bravura
    Com o seu remanso forte
    Um lutando pela vida
    Outro enfrentando a morte
    Nas suas forcas marinhas
    Só vive quem for mais forte

    Colibri é helicóptero
    Que cheira a flor do jardim
    Voa pra frente e pra traz
    E nunca se cansa em fim
    Bate as asas muitas vazes
    Por que Deus lhe fez assim

    Já o zigui zigui sim
    É ele o lindo avião
    Tem as asas transparentes
    E mesmo a cima do chão
    Comanda a força Aéria
    Da base do meu sertão

    É a águia com razão
    O grande avião aja to
    Com bate do ar ao solo
    Enxerga a sede e o mato
    E filma do céu pra terra
    Como quem tira retrato

    Tem outro pedrador chato
    Mas ele é o ponto chave
    Mata o seu rival aos poucos
    E tem o vool suave
    O qual é o gavião
    Eu comparo com uma nave

    O urubu não é nave
    Mas voa com ligeireza
    Morre-se alguém nesta guerra
    Pois pode ter a certeza
    Que ele come o finado
    Fazendo aquela limpeza

    O pica pau faz defesa
    Com valor especial
    Combate o seu inimigo
    Seu bico é o arsenal
    Destrói o rival no ar
    Com uma explosão fatal

    Na força aéria das aves
    Pois cada um se destina
    Defender a sua pátria
    Da triste fúria assassina
    No batalhão da natura
    Um aprende e outro ensina

    Não aquém perca a rotina
    No exercito do sertão
    O galo toca a trombeta
    Despertando o batalhão
    Cinco horas da manhã
    Já começa a malhação

    O peru faz pirueta
    Gira vigiando a terra
    O leão é atalaia
    Da fortaleza da serra
    O elefante trombudo
    Parece um canhão de guerra

    Cava um buraco e se enterra
    Pra se livrar do ataque
    O peba é o carro tanque
    Tem casco e suporta Baco
    É como os carros de guerra
    Usados lá no Iraque

    O Tejo prepara ataque
    Faz do seu rabo chicote
    Casso te é igual a um micio
    Quando salta e da pinote
    E a cobra é o soldado
    Que arma e não erra o bote

    O macaco é capitão
    Por que tem a pele preta
    Quebra coco como quem
    Na arma bota espoleta
    E faz os colegas rirem
    Quando faz uma careta

    Eu queria descobrir
    Por que a águia é valente
    Renova-se a cada dia
    Fica bonita e decente
    Voa alto e nunca cansa
    Encara o sol frente a frente

    Por que é que o sol é quente
    E por que a lua é fria
    Por que um clareia a noite
    E outro clareia o dia
    E na sua rede elétrica
    Nunca faltou energia

    Sem pilha e sem bateria
    Vaga lume é quem pisca
    Quero descobrir por que
    Quem não arrisca não petisca
    Até pra pegar um peixe
    O pescador bota a isca

    Por que relâmpago faísca
    E por que trovão estronda
    Por que é que terra gira
    Entorno do sol faz ronda
    Por que planes se tem nível
    E dona serra é corcunda

    Por que cobra não tem bunda
    E se a rasta pelo o chão
    Vai comendo o pó da terra
    Por que não tem pé nem mão
    Faz a rodilha arma o bote
    E briga até com leão

    Quero saber com razão
    Por que o porco é seboso
    Por que é que pato é limpo
    E leão é corajoso
    E pavão por ser bonito
    Quer da uma de gostoso

    Por que coelho é medroso
    Por que o peba tem casco
    Mora na toca e se vê
    O caçador diz me lasca
    Por que caçador não brinca
    Com seu cachorro carrasco

    A canção não é do Vasco
    Mas tem a cor branca e preta
    Por que larga to se encanta
    Para virar borboleta
    E o macaco prezepeiro
    É palhaço e faz careta

    Por que é que a noite é preta
    E lua tem quatro fases
    Por que é que João de barro
    Constrói casa e tem as bases
    Assim como o professor
    Se expressa bem nas frases

    Por que é que a oásis
    Da natureza é bonita
    Por que é que o mar engole
    A vitima e depois vomita
    A cigarra não é guarda
    E mesmo assim ela apita

    Por que coruja é esquisita
    Eu quero saber também
    Por que sem linha e sem roda
    O imbua vai e vem
    Com as suas pernas lentas
    E parece com o trem

    Por que pito quer xerém
    Pra sua alimentação
    Galinha defende os filhos
    Das garras do gavião
    Bota de baixo das asas
    E encerrou a questão

    Quero saber por que cão
    Tem muita raiva de gato
    O cão persegue a raposa
    O gato persegue o rato
    No dia que pega um
    Está garantido o prato

    Quero saber por que rato
    Só se transforma em morcego
    E qual é a diferença
    Do bode para o burrego
    E por que o lodo é liso
    E provoca o escorrego

    Por que tem negro e galego
    Por que milho tem boneca
    Por que tripa de gambá
    Da corda para rebeca
    Por que ele fede tanto
    Quando urina ou defeca

    O tamanduá a breca
    E na força se confia
    A galinha não tem dente
    Come milho põe e pia
    Não tem vagina e tem filhos
    Burra tem e não da cria

    Sé de eu cheirar um dia
    Um macho de perto eu corro
    Mas já o cachorro cheira
    O rabo de outro cachorro
    Cutuca o tóba do outro
    ele nem da esporro

    Tem dois animais domésticos
    Que aprendi admirar
    Gato defeca e enterra
    Sem ninguém lhe ensinar
    E o cão late e faz medo
    Pro ladrão se assustar

    A arara também é
    Uma ave muito bonita
    A preguiça não trabalha
    A Graúna canta e grita
    E o mico leão dourado
    Pula só pra fazer fita

    O rato não acredita
    Nas coisas que o gato diz
    Nem gato no cachorro
    Que não é muito feliz
    E diz assim vou morrer
    Sem conseguir o que quis

    Comadre raposa diz
    Compadre cão é esperto
    Eu não posso da bobeira
    Que ele pode estar perto
    Essa é vida dos bichos
    Que vivem lá no deserto

    Quem é não admira
    O mel que abelha constrói
    E a formiga que rói
    A folha da macambira
    A babuia da trairáe
    O canto dos sabiás
    As curvas que a cobra faz
    Com a maior ligeireza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    A lua clareia a noite
    Com o seu resplendor forte
    É quando o vento do norte
    Chega dando aquele açoito
    Continua no pernoite
    A lua e sua clareza
    Perecendo uma princesa
    Mas é feita de metais
    Eu acho linda de mais
    As coisas da natureza

    No terreiro o bode berra
    Quando o Boi urra e da bronca
    No chiqueiro o porco ronca
    E o lobo urra na serra
    O peba escavaca a terra
    E um buraco ele faz
    Esconde-se dos chacais
    Lá na sua fortaleza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Cada animal tem o dote
    Pra pescar e pra caçar
    O cachorro é pra ladrar
    Mas a cobra arma seu bote
    Pra pegar gente ou casso te
    Por dentro dos matagais
    Ela é discreta de mais
    E tem veneno na preza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O cachorro ao se encontrar
    Com o outro companheiro
    Cheira logo no traseiro
    Para lhe cumprimentar
    Ou a traz de encontrar
    O que perdeu muito a traz
    É que a vida dos chacais
    Só é fazer safadeza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O homem mata o leão
    A onça pega o via do
    E a tigre ataca o gado
    A baleia o tubarão
    Águia pega gavião
    Macaco um dos animais
    Prezepeiros imorais
    Faz careta e nogenteza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O pica-pau é valente
    Que faz do seu bico serra
    O gato defeca e enterra
    Papagaio imita gente
    O pássaro vive contente
    Nas reservas florestais
    De carniça de animais
    Urubu faz a limpeza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Tem guará e tem jaguar
    E tema jaguatirica
    Que golpe fatal aplica
    Na hora que vai caçar
    Pega a vitima pra matar
    E luta com esperteza
    Tem muita força na preza
    A bicha é muito saga is
    Eu acho linda de mais
    As coisas da natureza

    Contos e fábulas da natureza
    Autor poeta Raimundo nonato da silva

    O cachorro é candidato
    O Prefeito ou Senador
    O burro vota no gato
    Por que jegue é eleitor
    E se o gato se eleger
    Pode ser governador

    Comadre raposa agora
    É candidata que vem
    Pede o voto do cavalo
    E de dona égua também
    Raposa e política esperta
    A ladra pior que tem

    Compadre gato é também
    Presidente do partido
    Alem de chefe político
    Por que é muito sabido
    Enganando os bichos bestas
    Já estar enriquecido

    Compadre tigre também
    Diz que é Veria dor
    Comadre onça é assessora
    E o lobo devorador
    Diz que vai ser candidato
    E o bode é seu eleitor

    Mas o bode é pulador
    E não sabe com quem fica
    O tesoureiro é o lobo
    Deixa todos na fubica
    Mas cuidado com a raposa
    Se não agora ela inrrica

    Gato e raposa roubam
    Cachorro é sem consciência
    Lobo e rato roubam muito
    Por que tem inteligência
    Cada golpe de estado
    Acaba com a previdência

    Na missa da natureza
    É lógico que acredito
    O papagaio é o padre
    Que faz o sermão bonito
    Macaco assoveia e toca
    Pro galo cantar bendito

    O pardal eu admito
    Que ele é o são cristão
    A andorinha é a freira
    O jumento é com razão
    Coroinha da capela
    Que o louro faz sermão

    O papangu é o papa
    Que fala mais de um idioma
    Temos o papa larga ta
    Que não é papa de Roma
    No vaticano da mata
    Freio graúna se a proma

    O cachorro é o soldado
    Raposa é réu infeliz
    Macaco é advogado
    E o leão é juiz
    O tigre é o promotor
    Corta o mal pela raiz

    Já o gato acusa e diz
    O roubo que o rato fez
    Gato rico testemunha
    Rato pobre é pro xadrez
    E urubu por ser preto
    Com garça nunca tem vez

    Papagaio diz mais de uma vez
    Por ter descriminação
    Rato pobre urubu preto
    E galinha faz confusão
    Por que preto puta e pobre
    Sempre perde na questão

    O jumento é com razão
    A sentinela do foro
    O louro diz um ladrão
    Acusar outro ignoro
    O gato acusando o rato
    E com raiva disso eu choro

    Diz o papagaio no fórum
    O julgamento inicia
    O macaco é advogado
    Se ganhar faz alforria
    Mas se perder o réu vai
    Parar lá na encho via

    Julgado de noite a dia
    Um acusa outro defende
    Por que o disse e me desse
    Quanto mais se tira rende
    E o leão da um esturro
    Só a tigre é quem entende

    O criminoso se rende
    Mesmo sem ser réu confesso
    A audiência se finda
    E diz o macaco eu peço
    Que absorva o ratinho
    Pra ele fazer sucesso

    Na medicina ecológica
    O cachorro é o doutor
    Se outro bicho se fere
    Ele lambe e cura a dor
    A raposa é a paciente
    E a vitima do terror

    A garça é a enfermeira
    Eu digo e não é boato
    Cuida bem do gado e zela
    Quando cata carrapato
    O hospital da fazenda
    Pode ser curral ou mato

    O jumento é o vigia
    Da porta do hospital
    Seu cacêtete estar pronto
    Pra quem sair do normal
    Quem rejeita sua ordem
    Pode se da muito mal

    O casso te pula e canta
    Canta a rã e canta a gia
    Como uma banda de musica
    Cantam dentro da água fria
    Cururu e sapo boi
    Numa noite de harmonia

    Lá na mata o te teu pia
    E quem canta é a burguesa
    Canta a rola cascavel
    E o carão na represa
    Todos formam uma orquestra
    Do coral da natureza

    Tem mais de uma surpresa
    Numa lida colunata
    Perto de uma cachoeira
    Ouve se a voz da cascata
    Juntam se as vozes dos pássaros
    Com a queda da catarata

    Escuta se o papa larga ta
    Papangu e papa venta
    O cão late no terreiro
    No quintal rincha a jumenta
    Esta orquestra toda noite
    A natureza apresenta

    Quando a noite se ausenta
    Canta o galo no pule iro
    Porco ronca e pinto pia
    E o sonhinho prezepeiro
    Asso veia como um guarda
    Noturno em pé no terreiro

    Urra o boi quando o vaqueiro
    No pescoço bota a canga
    Já o macaco ligeiro
    A trepa se no pé de manga
    Enrola a ponta do rabo
    Com meça fazer moganga

    Do cachorro o gato manga
    Depois que defeca enterra
    Chia o rato no buraco
    De uma parede de terra
    Como alguém que se esconde
    Na fronteira de uma guerra

    Berra o bode no chiqueiro
    Quando o menino lhe amarra
    Pra cantar com a voz perra
    Na serra tem a cigarra
    Até mesmo os animais
    Também gostam de fanfarra

    Todo dia ali tem farra
    Quando o sol se descortina
    Canta a peitica e o canário
    e o galo de campina
    Rouxinol e patativa
    Numa manhã nordestina

    Urubu não faz buzina
    Mas depois que aterrissa
    Vê se uma multidão
    Cortejando uma carniça
    Como um bocado de gente
    Olhando o padre na missa

    Depois que o vento atiça
    A vaga lume se acende
    Já a aranha rendeira
    Que trabalha e se defende
    E quem vir mexer com ela
    Na sua rede se prende

    Somente o deus que entende
    A natureza abençoa
    Sabe por que peixe nada
    Sabe por que pássaro voa
    Por que cobra se arrasta
    E por que abelha ferroa

    Pra ficar com a voz boa
    O sabiá tem prazer
    Procura logo pimenta
    Mas só quer aqui arder
    Não tem ucéra nem grastite
    Nada vai lhe ofender

    Peba e tatu ao correrem
    Metem-se dentro da toca
    O gavião pega a cobra
    De uma mão pra outra troca
    Solta no chão e lhe pega
    Fazendo a maior fofoca

    As vazes na grande loca
    Esconde se a onça pintada
    O leão e a pantera
    Preparam-se pra cassada
    Que pela sobrevivência
    Lutam sem temer a nada

    Corre a raposa assanhada
    Comedo do lobo mal
    Com que fica a sua espera
    Dentro de um matagal
    Do jeito de um pistoleiro
    Pra da um golpe fatal

    João de barro especial
    Faz uma casa de terra
    Contem dois compartimentos
    Ele faz certo e não erra
    Talvez seja o mais sabido
    Doa pássaros que tem na serra

    Tem a ovelha que berra
    O Deus fazendo louvor
    O xexéu canta bonito
    Por ser um ótimo cantor
    Fazendo da natureza
    Uma escola de amor

    Meu verso aqui se encerra
    Falando nos matagais
    Nos pássaros e outros seres
    E todos os animais
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Pica-pau serra madeira
    Mesmo sem ter dentadura
    A formiga cria asas
    Para virar tanajura
    Rato se torna morcego
    E isto não é loucura

    Cada um tem o seu dote
    Pra lutar de noite a dia
    Gato é sargento ligeiro
    A onça é tenente e guia
    E do oitão do quartel
    O cachorro é o vigia
    Um no outro se confia
    Por se unirem em combate
    O leão diz bata em mim
    Na leoa ninguém bate
    Se eu não defender ela
    Meu filhote faz resgate

    O transporte do resgate
    Dar coice é mula ou jumento
    Detona explosão de peidos
    E é muito barulhento
    O gambá é arma química
    Por ter mijo fedorento

    Auto desenvolvimento
    Temos também a marinha
    No exercito lá da praia
    Cavalo marinho e sardinha
    Peixes de todas espessem
    Usando a força todinha

    A baleia é a rainha
    Topa todo desafio
    Pula alto e vai no fundo
    Não sente calor nem frio
    No porto do oceano
    É ele o maior navio

    Merece o meu elogio
    O tubarão com carinho
    Parece com um barco grande
    É ele o submarinho
    Que nesta força naval
    Ele não esta sonsinho

    Já a foca e o pinguinho
    Ensinam peixes nadar
    Cavalo marinho é guarda
    Esta sempre a vigiar
    Se ver peixe boi marinho
    Já corre a traz de pegar

    Quando a força do mar
    Se sente ameaçada
    O poraquê pra dar choque
    Combina-se com o espada
    E o peixe agulha também
    Enfrente qualquer parada

    Fora da água salgada
    Na doce tem a traira
    A piranha é a guerreira
    Vê o inimigo e mira
    Não usa arma de fogo
    Mais uma dentada atira

    Na força aéria se atira
    Cada um sem ter cansaço
    O louro conta piada
    O papagaio é palhaço
    E o vento ajuda o corvo
    Grande piloto do espaço

    De tudo eu sei um pedaço
    Do exercito da natura
    O sonhinho é trapezista
    O macaco lhe estrutura
    Quem usa o Brasão de arma
    Não pode fazer loucura

    O mar também tem bravura
    Com o seu remanso forte
    Um lutando pela vida
    Outro enfrentando a morte
    Nas suas forcas marinhas
    Só vive quem for mais forte

    Colibri é helicóptero
    Que cheira a flor do jardim
    Voa pra frente e pra traz
    E nunca se cansa em fim
    Bate as asas muitas vazes
    Por que Deus lhe fez assim

    Já o zigui zigui sim
    É ele o lindo avião
    Tem as asas transparentes
    E mesmo a cima do chão
    Comanda a força Aéria
    Da base do meu sertão

    É a águia com razão
    O grande avião aja to
    Com bate do ar ao solo
    Enxerga a sede e o mato
    E filma do céu pra terra
    Como quem tira retrato

    Tem outro pedrador chato
    Mas ele é o ponto chave
    Mata o seu rival aos poucos
    E tem o vool suave
    O qual é o gavião
    Eu comparo com uma nave

    O urubu não é nave
    Mas voa com ligeireza
    Morre-se alguém nesta guerra
    Pois pode ter a certeza
    Que ele come o finado
    Fazendo aquela limpeza

    O pica pau faz defesa
    Com valor especial
    Combate o seu inimigo
    Seu bico é o arsenal
    Destrói o rival no ar
    Com uma explosão fatal

    Na força aéria das aves
    Pois cada um se destina
    Defender a sua pátria
    Da triste fúria assassina
    No batalhão da natura
    Um aprende e outro ensina

    Não aquém perca a rotina
    No exercito do sertão
    O galo toca a trombeta
    Despertando o batalhão
    Cinco horas da manhã
    Já começa a malhação

    O peru faz pirueta
    Gira vigiando a terra
    O leão é atalaia
    Da fortaleza da serra
    O elefante trombudo
    Parece um canhão de guerra

    Cava um buraco e se enterra
    Pra se livrar do ataque
    O peba é o carro tanque
    Tem casco e suporta Baco
    É como os carros de guerra
    Usados lá no Iraque

    O Tejo prepara ataque
    Faz do seu rabo chicote
    Casso te é igual a um micio
    Quando salta e da pinote
    E a cobra é o soldado
    Que arma e não erra o bote

    O macaco é capitão
    Por que tem a pele preta
    Quebra coco como quem
    Na arma bota espoleta
    E faz os colegas rirem
    Quando faz uma careta

    Eu queria descobrir
    Por que a águia é valente
    Renova-se a cada dia
    Fica bonita e decente
    Voa alto e nunca cansa
    Encara o sol frente a frente

    Por que é que o sol é quente
    E por que a lua é fria
    Por que um clareia a noite
    E outro clareia o dia
    E na sua rede elétrica
    Nunca faltou energia

    Sem pilha e sem bateria
    Vaga lume é quem pisca
    Quero descobrir por que
    Quem não arrisca não petisca
    Até pra pegar um peixe
    O pescador bota a isca

    Por que relâmpago faísca
    E por que trovão estronda
    Por que é que terra gira
    Entorno do sol faz ronda
    Por que planes se tem nível
    E dona serra é corcunda

    Por que cobra não tem bunda
    E se a rasta pelo o chão
    Vai comendo o pó da terra
    Por que não tem pé nem mão
    Faz a rodilha arma o bote
    E briga até com leão

    Quero saber com razão
    Por que o porco é seboso
    Por que é que pato é limpo
    E leão é corajoso
    E pavão por ser bonito
    Quer da uma de gostoso

    Por que coelho é medroso
    Por que o peba tem casco
    Mora na toca e se vê
    O caçador diz me lasca
    Por que caçador não brinca
    Com seu cachorro carrasco

    A canção não é do Vasco
    Mas tem a cor branca e preta
    Por que larga to se encanta
    Para virar borboleta
    E o macaco prezepeiro
    É palhaço e faz careta

    Por que é que a noite é preta
    E lua tem quatro fases
    Por que é que João de barro
    Constrói casa e tem as bases
    Assim como o professor
    Se expressa bem nas frases

    Por que é que a oásis
    Da natureza é bonita
    Por que é que o mar engole
    A vitima e depois vomita
    A cigarra não é guarda
    E mesmo assim ela apita

    Por que coruja é esquisita
    Eu quero saber também
    Por que sem linha e sem roda
    O imbua vai e vem
    Com as suas pernas lentas
    E parece com o trem

    Por que pito quer xerém
    Pra sua alimentação
    Galinha defende os filhos
    Das garras do gavião
    Bota de baixo das asas
    E encerrou a questão

    Quero saber por que cão
    Tem muita raiva de gato
    O cão persegue a raposa
    O gato persegue o rato
    No dia que pega um
    Está garantido o prato

    Quero saber por que rato
    Só se transforma em morcego
    E qual é a diferença
    Do bode para o burrego
    E por que o lodo é liso
    E provoca o escorrego

    Por que tem negro e galego
    Por que milho tem boneca
    Por que tripa de gambá
    Da corda para rebeca
    Por que ele fede tanto
    Quando urina ou defeca

    O tamanduá a breca
    E na força se confia
    A galinha não tem dente
    Come milho põe e pia
    Não tem vagina e tem filhos
    Burra tem e não da cria

    Sé de eu cheirar um dia
    Um macho de perto eu corro
    Mas já o cachorro cheira
    O rabo de outro cachorro
    Cutuca o tóba do outro
    ele nem da esporro

    Tem dois animais domésticos
    Que aprendi admirar
    Gato defeca e enterra
    Sem ninguém lhe ensinar
    E o cão late e faz medo
    Pro ladrão se assustar

    A arara também é
    Uma ave muito bonita
    A preguiça não trabalha
    A Graúna canta e grita
    E o mico leão dourado
    Pula só pra fazer fita

    O rato não acredita
    Nas coisas que o gato diz
    Nem gato no cachorro
    Que não é muito feliz
    E diz assim vou morrer
    Sem conseguir o que quis

    Comadre raposa diz
    Compadre cão é esperto
    Eu não posso da bobeira
    Que ele pode estar perto
    Essa é vida dos bichos
    Que vivem lá no deserto

    Quem é não admira
    O mel que abelha constrói
    E a formiga que rói
    A folha da macambira
    A babuia da trairáe
    O canto dos sabiás
    As curvas que a cobra faz
    Com a maior ligeireza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    A lua clareia a noite
    Com o seu resplendor forte
    É quando o vento do norte
    Chega dando aquele açoito
    Continua no pernoite
    A lua e sua clareza
    Perecendo uma princesa
    Mas é feita de metais
    Eu acho linda de mais
    As coisas da natureza

    No terreiro o bode berra
    Quando o Boi urra e da bronca
    No chiqueiro o porco ronca
    E o lobo urra na serra
    O peba escavaca a terra
    E um buraco ele faz
    Esconde-se dos chacais
    Lá na sua fortaleza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Cada animal tem o dote
    Pra pescar e pra caçar
    O cachorro é pra ladrar
    Mas a cobra arma seu bote
    Pra pegar gente ou casso te
    Por dentro dos matagais
    Ela é discreta de mais
    E tem veneno na preza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O cachorro ao se encontrar
    Com o outro companheiro
    Cheira logo no traseiro
    Para lhe cumprimentar
    Ou a traz de encontrar
    O que perdeu muito a traz
    É que a vida dos chacais
    Só é fazer safadeza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O homem mata o leão
    A onça pega o via do
    E a tigre ataca o gado
    A baleia o tubarão
    Águia pega gavião
    Macaco um dos animais
    Prezepeiros imorais
    Faz careta e nogenteza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    O pica-pau é valente
    Que faz do seu bico serra
    O gato defeca e enterra
    Papagaio imita gente
    O pássaro vive contente
    Nas reservas florestais
    De carniça de animais
    Urubu faz a limpeza
    As coisas da natureza
    Eu acho linda de mais

    Tem guará e tem jaguar
    E tema jaguatirica
    Que golpe fatal aplica
    Na hora que vai caçar
    Pega a vitima pra matar
    E luta com esperteza
    Tem muita força na preza
    A bicha é muito saga is
    Eu acho linda de mais
    As coisas da natureza

  20. 20 Raimundo Nonato da Silva

    Os sonhos de cada um
    Autor poeta
    Raimundo Nonato da Silva

    Pois se sonhar do meu tanto
    Peço a você se conforme
    Porque mesmo sendo em sonho
    O meu prazer é enorme
    Eu sou do tipo de gente
    Que sonha mais do que dorme

    Dizem que sonho é ilusão
    Mas não era o que eu queria
    Todo mundo tive um sonho
    Como eu sonhei um dia
    E depois guardei meu sonho
    Na mala da fantasia

    Mesmo sem ser pelo o sono
    O sonho é mais do que lindo
    Até sonhando acordado
    Eu só sei sonhar sorrindo
    Sonho não vem só do sono
    Que eu sonho sem estar dormindo

    Eu sonho enquanto estou vivo
    Fazendo mais construção
    Do sonho e da fantasia
    Sem ter realização
    Porém só depois da morte
    Meu sonho vira ilusão

    Escrevi de madrugada
    Fiz o maior sacrifício
    Tanto padeci no fim
    Como sofri no início
    E agora sei que pra pobre
    Tudo no mundo edifício

    Sonhei gravando CD
    E tive um prazer medonho
    Sonhei escrevendo livros
    Fiquei alegre e risonho
    Todo mundo tem direito
    De dormir e ter um sonho

    Tentei deixar de sonhar
    Mas não pude conseguir
    Pedi a Deus a insônia
    Mas mesmo sem eu dormir
    Sonho estando acordado
    E começo a refletir

    Construí mais de um plano
    Dizendo este tem valor
    Eu colori os meus sonhos
    Com tinta de toda cor
    Meus sonhos são invisíveis
    Como o próprio sonhador

    Eu pensei que eu fazia
    Mas eu não pude fazer
    Eu sonhei mas é um sonho
    Que eu pretendo esquecer
    Sonho sem realidade
    Nunca mais eu quero ter

    Só se eu não esquecer
    Irei eu continuar
    Sonhar com o impossível
    Mesmo sem realizar
    Mas enquanto eu não morrer
    Não vou parar de sonhar

    Eu sei que não consegui
    Ter objetividade
    Eu construí muitos planos
    Para falar a verdade
    Meus livros foram de sonhos
    Mas tinham realidade

    Não realizei meus sonhos
    Mas tenho convicção
    Que meus planos construídos
    Fez-me ser o campeão
    Do sonho e da fantasia
    Do plano e da ilusão

    Pelo um plano ou pelo um sonho
    Mais de uma pessoa almeja
    Todo mundo tem um sonho
    De fazer o que deseja
    Enquanto não realiza
    Não desiste da peleja

    Não sei se dormi com fome
    Ou se sonhei acordado
    Só sei dizer que meu sonho
    Foi mais do que bem sonhado
    É uma pena meu sonho
    Não ter se realizado

    Hoje eu estou conformado
    Na alegria e na tristeza
    Sou eu um rico de sonhos
    Convivendo com a pobreza
    Tudo não passa de um sonho
    Por mais que seja certeza

    Sonho irrealizável
    Eu não quero sonhar mais
    Quem constrói sonho dormindo
    Ao o despertar se desfaz
    De todas as fantasias
    Deixando os sonhos pra trás

    Sonha a mulher velha ou nova
    Sonha adulta e criança
    Quem não constrói realidade
    No sonho tem liderança
    Quem tem vontade e não pode
    Mas no sonho tudo alcança

    Sonha o jovem que estuda
    Em ser um homem formado
    Tem um sonho de ser médico
    Juiz ou advogado
    Porque se não fosse o sonho
    Nada tinha resultado

    O sonho viaja e para
    Como um navio no porto
    Sonho eu enquanto vivo
    Com prazer e com conforto
    Porque homem nenhum pode
    Sonhar quando estiver morto

    Seja o homem velho ou novo
    Sonha desvendando enredo
    Um sonha tendo coragem
    Outro sonha tendo medo
    Quem não sonhou vai sonhar
    Seja mais tarde ou mais cedo

    Um diz que o sonho é bom
    Outro diz que é ruim
    Porém só depois da morte
    Os meus sonhos chegam ao fim
    Se não existir alguém
    Que queira sonhar por mim

    O sonho é como um segredo
    Muito mais do que mistério
    Se um diz é brincadeira
    O outro diz que é serio
    Tem sonho que é tão bom
    Que deixa o sujeito aéreo

    Eu sonhei na meninice
    Com paz sossego e saúde
    Sonhei na adolescência
    E sonhei na juventude
    Sonhei mais realizar
    O meu sonho eu não pude

    Só Deus conhece o meu sono
    E o tanto que sonhei
    Deus viu quando eu fui dormir
    E viu quando despertei
    Falando de todos os sonhos
    Que nunca realizei

    A caderneta dos anos
    Aumentou a minha idade
    Fui jovem e hoje sou velho
    Para falar a verdade
    Amanhã posso morrer
    Porque tudo é vaidade

    Sou escultor e pintor
    Poeta e artista plástico
    Eu construí ilusão
    E mais de um sonho fantástico
    O meu sonho esticou tanto
    Que eu pensei que era elástico

    Ah se eu pudesse de novo
    Voltar a ter quinze anos
    Podendo realizar
    Todos meus sonhos e planos
    Esta chance acabaria
    Meus maiores desenganos

    Se eu matar os meus sonhos
    Na velhice faço encosto
    Porque a maquina do tempo
    Encheu de pregas o meu rosto
    E as rugas são os sinais
    Do cansaço e do desgosto

    Um sonha sendo aluno
    Outro sendo professor
    Um sonha em ser fazendeiro
    E outro sendo doutor
    Se o sonho for pequeno
    Grande é quem lhe dá valor

    Um sonha em ser trapezista
    De circo dono ou palhaço
    Um pensa em ser bom atleta
    Pro outro comprar seu passo
    O sonho não é criança
    Mas eu carrego no braço

    Uma sonha sendo deusa
    Outra sonha sendo musa
    Quando dorme que se tem
    Um sonho bom não recusa
    Quem não faz nada em verdade
    Mas no sonho tudo usa

    O sonho bom é bonito
    Mas o sonho ruim é feio
    Tem sonho que faz a gente
    Ficar no triste aperreio
    Se meu crânio fosse o mar
    De sonhos estava cheio

    Sonho eu sonha você
    O adulto e o menor
    Sonha o feio e o bonito
    O pequeno e o maior
    Porque todos nós sonhamos
    Com um futuro melhor

    Sonhou vovô e vovó
    Meu tio tia e prima
    Parente irmão mãe e pai
    Amigos fazendo estima
    Até o poeta sonha
    Com verso viola e rima

    Sonha o preto e sonha o branco
    O cabeludo e o careca
    Tem um que sonha pescando
    Outro caçando marreca
    Pois no sonho a gente sabe
    Quer-se ser santo ou se peca

    Um sonha sendo bandido
    Outro sonha sendo artista
    Outro viaja dormindo
    Sonha sendo motorista
    Tem deles que dorme e sonha
    E vira o carro na pista

    Na esqueça de lembrar
    Do sonho nunca esqueça
    Dia tarde madrugada
    Anoiteça ou amanheça
    O sonho é meu inquilino
    Mora na minha cabeça

    Tem moça nova que sonha
    Em ser modelo ou atriz
    Rapaz sonha em ser ator
    Ou político do país
    Mesmo não sendo real
    Sendo no sonho é feliz

    Tem moça que sonha sendo
    A miss paraibana
    Tem rapaz que sonha sendo
    Jogador toda semana
    Mesmo sem realidade
    Com o sonho se engana

    Tem rapaz feio que sonha
    Com uma mulher bonita
    Se você nunca sonhou
    Mais eu sonhar me permita
    O sonho existe pra todos
    Só sonha quem acredita

    Muito mais do que elástico
    O meu sonho se esticou
    Foi crescendo foi crescendo
    Pelo o mundo se alastrou
    Eu não consegui chegar
    Aonde o meu sonho chegou

    Meu sonho foi no lugar
    Que não pude conhecê-lo
    Um dia saio de mim
    Sem eu poder percebê-lo
    E quando retornou a mim
    Trouxe mais um pesadelo

    Sou um construtor de sonho
    Se o sonho é feito por mim
    Deus o autor que me fez
    Permitiu me ser assim
    Dormi menos e sonhar
    Muito do começo ao fim

    Um sonha sendo artista
    Para passar na TV
    Só porque o sonho existe
    Pra mim e para você
    Porém tem gente que sonha
    Sem ter pra quem nem por que

  21. 21 Raimundo Nonato da Silva

    Sonetos de autoria do poeta
    Raimundo Nonato da silva

    1 a educação

    Sem precisar de estudo
    Eu sei você também sabe
    Que a dona educação
    Em todo canto ela cabe

    Tem pobre que não estudou
    E respeita e é respeitado
    E tem rico que se formou
    E é bruto e mal educado

    É grande privilegio
    Sem aprender em colégio
    E pelo o que eu conheço

    Estar em quem ler correto
    E até no analfabeto
    Educação vem do berço

    2 sem estudo

    Eu sei um pouco de tudo
    Mesmo sem eu ler correto
    Queria eu ter estudo
    Pra não ser analfabeto

    Eu quero estudar a lua
    Estrela sol e firmamento
    Chuva e nuvem que flutua
    Relâmpago trovão e vento

    Queria eu falar nos campos
    Nas árvores e nos pirilampos
    E nas coisas que Deus fez

    Nas aves e também nas rosas
    E nas flores mais cheirosas
    Palestrando com vocês

    3 A natureza

    Admiro a natureza
    Com os seus verdes pomares
    Ela tem tanta beleza
    Nos rios lagos e os mares

    Tem pedra rocha na ilha
    Tem montanha pico e monte
    Eu acho uma maravilha
    A cachoeira e a fonte

    Sem perder o meu compasso
    Quero estudar o esparso
    Medir tudo pouco a pouco

    Mesmo que os homens sábios
    Digam com seus próprios lábios
    Aquele poeta é louco

    4 uma manhã no sertão

    É bom ouvir no sertão
    Numa manhã matutina
    Após da chuva a cação
    Do galo lá da campina

    Os pássaros sentem alegria
    Quando cai chuva no chão
    Até o urubu pia
    Numa manhã no sertão

    Graúna fica estalando
    Canta bonito imitando
    Quase todos os passarinhos

    E outros pássaros pequenos
    Tiram capins dos terrenos
    Para construir seu ninho

    5 É preciso pensar

    Não mato nem faço ofensa
    Deus me livre não sou ruim
    Só mata assim quem não pensa
    Quem pensa não mata assim

    Você que assassinou
    Ou o já ofendeu um dia
    Fez mal porque não pensou
    Se pensasse não fazia

    Alguém cometeu pecado
    Talvez por não ter pensado
    No mal que pode fazer

    Se procurasse pensar
    Talvez não quisesse errar
    Nem matar e nem morrer

    6 Mulher de casa

    A minha mulher querida
    Para me lava e costura
    Ela faz minha comida
    Ama-me muito e é pura

    Cuida dos filhos e do lar
    É muito trabalhadora
    E aprendeu me amar
    De uma forma encantadora

    Quando é de noite na cama
    Para provar que me ama
    Tudo que eu quero ela quer

    Na saúde vida ou morte
    Eu amo a minha consorte
    Deus te proteja mulher

    7 O buraco

    Esta vida é um buraco
    Todo mundo dentro cai
    Seja forte, ou seja, o fraco.
    Pra este buraco vai

    De um buraco sai
    Por outro meu pai passou
    Se eu morrer hoje aqui
    Pra outro buraco vou

    Até você ao ter fome
    Se pelo um buraco come
    Por outro bota pra fora

    Em questão de um segundo
    No buraco deste mundo
    Posso cair qualquer hora

    8 Riqueza fácil

    Já vi empregado rico
    Fazer patrão ficar pobre
    Mais através de um fuxico
    Qualquer roubo se descobre

    Porém da noite pro dia
    Tem muita gente enricando
    Enquanto outro desconfia
    E diz ele estar roubando

    Riqueza fácil de mais
    Quando agente vai atrais
    Sempre tem furto no meio

    Talvez alguém lhe deserde
    Quando o pobre rico perde
    Volta pro mesmo aperreio

    9 Soja no lugar de mata

    No lugar de mata soja
    A maldade chega átona
    Onde o homem mal se aloja
    Devastando a amazona

    Estamos vendo os transgênicos
    No lugar da química orgânica
    O Brasil esta anêmico
    Sem espaço pra botânica

    A mata atlântica da gente
    Ta ficando diferente
    Aqui e ali lacuna

    Os índios e os animais
    Perdem as reservas florestais
    Que é a maior fortuna

    10 Político enganador

    Você hoje me desconhece
    Mais antes me conhecia
    Pediu que um voto eu lhe desse
    Mais já esqueceu do dia

    Chegou e me abraçou
    E com conversa fiada
    Meu voto você ganhou
    E no fim não ganhei nada

    No tempo da eleição
    Apertou na minha mão
    E um falso sorriso deu

    Porém depois da vitória
    Tirou tudo da memória
    E do meu voto esqueceu

    11 Escravidão

    Iaiá moça ou menina
    Do tempo da escravidão
    Era vitima da ruína
    Do assédio do patrão

    O tal senhor de engenho
    Quando abusava a sinhá
    Queria ter desempenho
    E procurava iaiá

    E o capitão do mato
    Ao negro da maltrato
    Com os carrascos feitores

    No tempo da escravidão
    Era grande a humilhação
    Dos negrinhos sofredores

    12 Dias finais

    Os dias da minha ida
    Estão chegando a galope
    Fiz pesquisa sobre a vida
    Mas, esta não deu ibope.

    Segundo minuto e hora
    O dia semana ou mês
    Vou medir o ano agora
    E depois digo a vocês

    No passado fiquei doente
    Irei morrer no presente
    Sinto que estou em apuro

    Mesmo na dor da tristeza
    Digo com toda certeza
    Que no céu ta o meu futuro

    13 O sábio e o tolo

    Quando o homem sábio fala
    Tem outro sábio falando
    Mais o bobo não se cala
    Ouvindo a sábio falando

    Fica fazendo zoada
    Intromete-se no meio
    E por não saber de nada
    Faz um papel muito feio

    Alguém que não tem estudo
    Anda se metendo em tudo
    A traz de encontrar espaço

    E um sábio ouvindo e vendo
    Outro mais sábio dizendo
    Aquele ali é palhaço

    14 A inocência do tolo

    Inocência tem deixado
    Tolo pensar que é esperto
    Como tem alguém errado
    Pensando que é esperto

    Quem não tem inteligência
    Entra onde não lhe cabe
    E por não ter consciência
    Quer falar do que não sabe

    Quem no erro permanece
    Fala do que não conhece
    E não se defende bem

    Posso chamar de jumento
    Quem não tem conhecimento
    E quer teimar com quem tem

    15 A verdade

    A verdade é o diploma
    Do caráter de alguém
    Quem tem não tira nem toma
    Nem mente pra se dar bem

    O verdadeiro não mente
    Nem estando em desvantagem
    Mesmo perdendo é decente
    Ele não faz sabotagem

    A verdade e o verdadeiro
    Um do outro é companheiro
    O útil e o agradável

    Mesmo o mundo sendo assim
    Com gente boa e ruim
    Mas, o justo é responsável.

    16 O mentiroso

    Onde o mentiroso paca
    Ele deixa o seu currículo
    Mente rouba e faz trapaça
    E faz o papel ridículo

    Diz o que fez e o que não fez
    Com parolagem e mentira
    E só é quem quer ter vez
    Quando um besta lhe admira

    Alguém que quer ser tão útil
    Agindo como um inútil
    Sem perceber que estar sendo

    Se não for doido de mais
    Ou ele é cego ou se faz
    Que não estar entendendo

    17 vice versa

    Através de uma crônica
    Um ante – retrogrado diz
    Que a pessoa antagônica
    Toda hora se maldiz

    Tem um que é pessimista
    E só pensa negativo
    Nunca faz uma conquista
    Este é o morto vivo

    Covarde não faz sucesso
    Quem interdita o progresso
    Interrompe a caminhada

    Sua e de mais alguém
    E por não se sair bem
    Termina a vida sem nada

    18 o campeão

    Tenho raiva de tristeza
    Detesto noticia ruim
    Não gosto de má surpresa
    Nem de um não ao invés de um sim

    Eu descarto o negativo
    Dou fora no pessimismo
    Eu só penso positivo
    Nasci pra ter otimismo

    Eu já mais irei perder
    Deus me fez para vencer
    Por isso sou campeão

    Cad luta é uma vitória
    Eu trago o troféu do gloria
    Na palma da minha mão

    19 a morte

    A morte nunca vai presa
    E vive matando gente
    Pega o pobre de surpresa
    E mata o rico doente

    Magro gordo baixo ou alto
    Pode ser feio ou bonito
    Tira a vida num assalto
    Chega sem dar nem um grito

    A ninguém da esperança
    Mata o velho e a criança
    Moça menino e rapaz

    Mata o homem e a mulher
    Ela mata quem quiser
    A morte é ruim de mais

    20 sentimento

    O sentimento também
    Não existe em todo mundo
    Conheço poucas que tem
    O que Deus deu a Raimundo

    Quando vejo alguém doente
    Sofrendo e passando mal
    Eu sinto o que o outro sente
    Porque sou sentimental

    Quando vejo alguém morrer
    Eu fico pra não viver
    Porque conheço o amor

    E digo de coração
    Que não faço distinção
    De tipo nível e de cor

    21 ricos de espírito

    Mas, Jesus deixou escrito.
    Naquele tempo passado
    Que o pobre de espírito
    É o bem aventurado

    Pobre de espírito é quem
    Vive cheio de humildade
    Mesmo humilhado faz bem
    Porque tem simplicidade

    O homem que não tem fé
    Rico de espírito é
    Orgulhoso e arrogante

    Exalta-se e humilha alguém
    Se alguma coisa tem
    Acha-se todo importante

    22 orgulho

    Tem gente que se orgulha
    E pensa que nunca morre
    Mas, a mão do tempo embrulha.
    Quem a Jesus não recorre

    Tem gente que se pudesse
    Nem pisaria no chão
    Mais quando morre apodrece
    Querendo o defunto ou não

    Vejo mulher vaidosa
    Tão bonita e orgulhosa
    Gastar com os prazeres seus

    Neste mundo tão imundo
    São bonitas para o mundo
    Mais são feias para Deus

    23 infidelidade

    Mulher que trai o marido
    Homem que trai a mulher
    Na bíblia eu já li bem lido
    Que gente assim Deus não quer

    A bíblia mais que jornal
    E mostra no seu papel
    Que Deus é justo e leal
    Mais só com quem é fiel

    Esposo ou mulher que trai
    Pra casa de Deus não vai
    Ambos por agirem assim

    O céu é um lugar santo
    Não é como um outro canto
    Que aceita o que é ruim

    24 minha amada

    Você minha amada é
    Bonita e especial
    É uma mulher de fé
    E muito espiritual

    Você tem olhos castanhos
    E os cabelos compridos
    Seus gestos meios estranhos
    Por me são reconhecidos

    Não é loira nem morena
    E tem a boca pequena
    No nosso amor eu aposto

    Acho que se Deus quiser
    Vai ser a minha mulher
    Porque é dela que gosto

    25 Onisciência de Deus

    Conheço alguém que encobre
    Todos os pensamentos seus
    Seu não contar Deus descobre
    Todos os pensamentos meus

    Tem muitas coisas que sinto
    E só com Deus eu comento
    Pode crer que eu não minto
    Só Deus ler meu pensamento

    Nem adianta ter medo
    De Deus descobrir segredo
    Porque Deus sabe de tudo

    Não precisa alguém falar
    Que mesmo sem procurar
    Deus acha todo a miúdo

    26 O fuxiqueiro

    Peço a Deus que me ausente
    De quem é mexeriqueiro
    Que levanta falso e mente
    Leva e traz o tempo inteiro

    O fuxiqueiro é horrível
    Ele vive procurando
    É tão grande o seu desnível
    Por tudo estar perguntando

    Pessoa cínica e ruim
    Do começo até o fim
    Pelo o mal se interessa

    Que gente que leva e traz
    Nunca anda atrás da paz
    Só anda atrás da conversa

    26 beijo

    O teu beijo tem sabor
    De melancia madura
    E teu corpo sedutor
    Vai me levar a loucura

    Teus seios endurecidos
    E teus olhos pequeninos
    De amos somos perdidos
    Parecemos dois meninos

    E as tuas pernas belas
    Quando eu olho pra elas
    Tremo-me de emoção

    E o teu corpinho quente
    A quentura do meu sente
    Chega queima o coração

    28 Mulheres velhas ou novas

    Seja a mulher velha ou nova
    Sabendo fazer amor
    Só num sarro ou numa sova
    Geme até sem sentir dor

    Como falou Amelhinha
    No verso de patativa
    Mulher quanto mais novinha
    Mais mantém a força viva

    Mulher bonita e cheirosa
    Sendo ela carinhosa
    Alegre fogosa e quente

    Sabe amar e dar prazer
    E faz o homem gemer
    Mesmo sem estar doente

    29 vencedor

    Trago mais de uma medalha
    Na aba do meu chapéu
    Quando eu vencer a batalha
    Deus vai me dar um troféu

    O meu desejo é chegar
    Um dia no paraíso
    Para me harmonizar
    Com som bonito eu preciso

    Concilia-me com as almas
    E saldar a Deus com palmas
    Porque ele é soberano

    Ele é pai criador
    Cura o mal e tira a dor
    Do coração do humano

    30 um dia

    Um dia eu vou estear
    A bandeira da vitória
    Quando este dia chegar
    Eu gritarei gloria, gloria.

    Deus há de me dar haveres
    E tendo prosperidade
    Oferto dos meus viveres
    Aquém tem necessidade

    Deus é muito dadivoso
    Rico forte e generoso
    E de tudo Deus é dono

    É maior que ditador
    Muito mais que imperador
    Ninguém tira Deus do trono

    31 fome

    Vejo o pássaro saciar
    Sua cede e sua fome
    Vejo pobre chorar
    E faz dias que não come

    A seu pudesse prover
    Munir dando o necessário
    Mais não posso abastecer
    A vida do proletário

    Pois o pobre que não tem
    Não pode ajudar ninguém
    Nem agora nem depois

    Eu digo e estou sentindo
    É mesmo que estar pedindo
    Esmola pra todos dois

    32 velhice

    Eu não tive ama de leite
    Que chamamos de babá
    Hoje velho e sem enfeite
    Perto de ficar gagá

    Eu pequei no mundo mal
    Mas, peço a Deus me perdoe.
    Que gagá ficou babau
    Acabosse já se foi

    Um me chama de maluco
    Outro de velho caduco
    Aos poucos estou morrendo

    E o que zomba de mim
    Breve chegará ao fim
    Já está envelhecendo

    33 Superioridade

    Conheço um homem que diz
    Alguém tem medo de mim
    No fim sempre se maldiz
    Quem pensa enganado assim

    Tem homem que ta pensando
    Que só quem é homem é ele
    E tem outro homem falando
    Cabra enganado é aquele

    Ele espanca quem é mole
    Diz comigo ninguém bole
    Porque eu sou boca quente

    E às vezes um Zé ninguém
    Acaba a vida de quem
    Achava-se tão valente

    julgamento

    Eu não vou julgar ninguém
    Que esteja certo ou errado
    Porque quem julgar alguém
    Também irar ser julgado

    Não vou tirar o argueiro
    Do olho do meu irmão
    Tenho que tirar primeiro
    O que ta na minha visão

    Vê os defeitos aleios
    Acho isto muito feio
    Eu mesmo não vou olhar

    Se eu olhar não sei quem
    Esqueço de mim também
    E começo a me atrapalhar

    35 Pé inchado

    Tem dois vícios lhe matando
    Alcoolismo e tabagismo
    E você nem estar notando
    Que ta entrando no abismo

    E sua barriga inchada
    Não cabe mais outra dose
    Você findou a jornada
    Porque estar com cirrose

    É tão triste o resultado
    Você que é pé inchado
    Veja bem preste atenção

    Valeu a pena beber
    Embriagar e morrer
    Sem direito a salvação

    36 caipira

    Tabaréu é um caipira
    Marido da taba roa
    Pra ele eu tiro o chapéu
    E ela é ótima pessoa

    Pode até ser beiradeiro
    Do jeito que você diz
    Mas, mesmo sendo roceiro.
    Ele é um homem feliz

    Mora lá no pé de serra
    Numa casinha de terra
    Toda coberta de palha

    O matuto e a matuta
    Que não foge da labuta
    Aquele casal trabalha

    37 irresponsabilidade

    Irresponsabilidade
    É coisa pior que existe
    Quem tem sua qualidade
    Deixa-me mais do que triste

    Comprava e não me pagava
    É ladrão e vagabundo
    Se eu fosse à morte eu matava
    Todos velhacos do mundo

    Você é desagradável
    Ruim e irresponsável
    Não cuida bem do aleio

    É tão covarde e velhaco
    Onde existir homem fraco
    Você também ta no meio

    38 vontade

    É pensamento e vontade
    Duas coisas sem futuro
    Pra um não dou liberdade
    Pra outra eu nem aventuro

    Vontade é muito enganosa
    E pensamento é perdido
    E essa ânsia horrorosa
    Vou tirar do meu sentido

    Não gosto de esperar
    Quem estar para chegar
    Nem quero ser esperado

    Não dou maçada a ninguém
    Pra não receber também
    Mas, sempre sou enganado.

    39 Casal feliz

    Casal feliz é aquele
    Que se ama toda hora
    Ele é dela e ela é dele
    E um com outro namora

    Até depois de casados
    Os dois ficam namorando
    Porque são apaixonados
    E assim vivem se amando

    Isto sim é que é amor
    Em todo lugar que for
    Os dois lembram dele ou dela

    Os dois ou eu ou você
    Não se esqueçam por que
    A felicidade é bela

    40 a criança

    No sorriso da criança
    A gente encontra inocência
    É como a flor da esperança
    Que tem a melhor essência

    A criança é muito linda
    É meiga amável e doce
    Sua presença é bem vinda
    Para o mundo Deus lhe trouxe

    Criança é como um arcanjo
    Que nos chamamos de anjo
    Por sua simplicidade

    Faz pena ver o inocente
    Se perder futuramente
    Neste mundo de maldade

    41 pais e filho

    Como pai respeita os filhos
    Como filho honro o meu pai
    Respeito é bom e não cai
    E já mais perde os seus brilhos

    Eu amo meus genitores
    E os meus filhos queridos
    Meus filhos me dão valares
    Meus pais são meus preferidos

    Por ser pai devo ensinar
    O meu filho respeitar
    O mais novo e o mais velho

    E quem respeita seus pais
    Na terra viverá mias
    Disse Jesus no evangelho

    42 Renunciando a riqueza

    Nunca pensei em fortuna
    Em dinheiro nem riqueza
    Se for pra vir vem átona
    Mas, eu gosto da pobreza.

    Quem morre não leva nada
    Porque nada ninguém tem
    Tudo é de Deus camarada
    Ouviu besta entenda bem

    Eu não corro atrás de ouro
    De botija e de tesouro
    Nem na quina vou jogar

    Já falei pra todo mundo
    Que nu vim a esse mundo
    E nu também vou voltar

    43 Amiga inimiga

    Hoje eu estou mais feliz
    Você olhou para mim
    Não me olhou sorridente
    Mas, fico feliz assim.

    Com a câmara do meu olhar
    Filmo-te a cada segundo
    Sem você presenciar
    Mesmo de Lange eu te sondo

    Pra mim é grande alegria
    Avistar-te todo dia
    Sem sentir o teu calor

    É minha amiga inimiga
    Que não quer ser minha amiga
    Que dirá o meu amor

    44 Amigo de verdade

    Amigo mesmo é aquele
    Seja de noite ou de dia
    Estar com ele ou com ela
    Na tristeza ou na alegria

    Amigo é sem falsidade
    Sem inveja e ambição
    Um amigo de verdade
    É melhor que um irmão

    Amigo leal não mente
    Sente o que o outro sente
    Seja mais cedo ou mais tarde

    Se for um amigo forte
    Estar na vida e na morte
    Ele já mais é covarde

    44 O enxerido

    Quando o homem é enxerido
    Quer fazer o que não sabe
    Conheço um que é metido
    Entra onde não lhe cabe

    Alguém fala do xereta
    E faz até desafio
    E ele por ser careta
    Pensa que é elogio

    Tem alguém que diz assim
    Aquele sujeito é ruim
    E vive se amostrando

    Tem metido que é recruta
    Parece que não escuta
    O que o povo estar falando

    45 Dever do cidadão

    Sabendo a vida o que é
    Aprendi agir assim
    E já mais vou dar o pé
    Para alguém falar de mim

    Não devo nem um vintém
    Sou justo não sou velhaco
    Porque quem deve a alguém
    Se não pagar é um fraco

    Nunca disse que sou santo
    Mas chegando a qualquer canto
    Sei entrar e sei sair

    Posso não ser sabichão
    Mas com este cidadão
    Ninguém vai se divertir

    46 O homossexual

    Fresco guei e travesti
    Veado eu deixo pra lá
    Sapatão e lésbica aqui
    Um do outro é xará

    Se o nome é diferente
    Tem o mesmo significado
    Pois tanto faz para a gente
    Sapatão como veado

    Homem outro homem quer
    Mulher quer outra mulher
    Para amassar o bombril

    E o cabra quando é fraco
    Com outro troca o buraco
    Que vergonha pro Brasil

    47 inveja

    Você é um homem vão
    E sua mulher é vã
    Não vou criar confusão
    Mas aguardo o a manhã

    Você que foi tão inútil
    E ela insignificante
    E neste mundão tão fútil
    Sem nenhum ser importante

    Tanto você como ela
    Caíram na esparrela
    Na qual vocês mesmo armaram

    Mas, fama vem e depois some.
    Começaram sem ter nome
    E sem nome terminaram

    48 Meu anjo

    Se você não for arcanjo
    Pode ser um querubim
    Não sendo um dos dois é anjo
    Que Deus mandou para mim

    Esse seu jeito bonito
    Muito alegre e radiante
    Preenchendo o requisito
    De quem é mais que um amante

    Eu quero pactuar
    E contigo me ajustar
    Enquanto vida eu tiver

    Quero gritar e dizer
    Pra todo mundo saber
    Ela é a minha mulher

    49 Futuro esposo

    Seu amor eu não recuso
    Para me já virou habito
    Teu beijo uso e não abuso
    Porque gosto do seu hálito

    Você vai se acostumar
    Beijar-me como eu te beijo
    E quando se habituar
    Diz-me mate o meu desejo

    Eu faço o que você quer
    Irar se sentir mulher
    E me dizer de uma vez

    É você que quero e quis
    Você me faz ser feliz
    Outro não faz e nem fez

    50 escravidão

    As algemas dos coitados
    Eram trancadas com cravos
    Mãos e pés acorrentados
    Assim viviam os escravos

    Eram vitimas dos açoites
    Das chibatas dos feitores
    Sofrendo dias e noites
    As pressões dos maus senhores

    Tirando o peso do lombo
    Uns fugiam pro quilombo
    Para se livrarem dos maus tratos

    E sem defesa legitimas
    Muitos se tornaram vitimas
    Dos maus capitães dos matos

    51 superior

    Você é especial
    Não se acha inferior
    O homem e mulher leal
    Em tudo é superior

    Eu não posso adivinhar
    Este poder só Deus tem
    Mas, poeta ao meditar.
    Ler o coração de alguém

    Alguma coisa me diz
    Que você só é feliz
    Numa coisa e noutra não

    Não bota as magoas pra fora
    E faz muitos dias que chora
    Através do coração

  22. 22 Raimundo Nonato da Silva

    Sou um poeta pobre agradeço muito a Paulo fraça e outros que divugarem o meu tra balho.

  23. 23 Laura

    queria um cordel pequeno

  24. 24 jorge araujo

    boa tarde!
    a literatura de cordel é o marco da cultura do nosso brasil, por isso eu sou apaixonado de coração por essa ferramenta que é uma fonte enriquecedora da leitura.

  25. 25 silvio

    estou na fase do tcc se puder me enviar algumas dicas agradeço.

  26. 26 tacio felipe

    a leitura de cordel e muito importante,por isso devemos conserva-la,pois faz parte da cultura do nosso povo,conta um pouco da vida do sertao

  27. 27 vanessa caroline

    gostei muito desses cordeis

  28. 28 vanessa caroline

    quem for o autor desses cordeis meus parambéns ,foi um sucesso,gostei muito

  29. 29 Ingryd

    Eu adoro literatura de cordel!!

  30. 30 Mariazzinha

    Adorei essa literatura de Cordel

  31. 31 cleide eunice leme

    oi tenho 42 anos voltei a estudar na 6serie minha professora me pediu que fizese um trabalho historia da aguia e raposa em cordel noa to conseguindo fazer gostaria que me ajudace ficari a muito agradecida

  32. 32 caiiiiiiiiiiiiiii

    legal…………

  33. 33 mily

    as leituras de cordel e ruim porque tem muito palavao

  34. 34 biazinhaaaaaaaaaaaa

    pla amo cordel

  35. 35 tally

    achuu muinto bom pois encentiva mais os jovens a lerem digo isso por eu tmb sou jovem e gosto muinto de ler.(l)

  36. 36 beatriz

    eu achei muito legal me ajudol muito brigado

  37. 37 beatriz

    a menina que falo que literatura de cordel tem muita palavão e mentira e uma
    leitura muito agradavel de se ler xauuuuuuuuuuuu

  38. 38 esther bieber

    o cordel foi inventado na espanha e eles trazeram para o nordeste então e mais tipico o cordel aqui no nordeste

  39. 39 nayara

    o teatro e bem bonito

  40. 40 irene

    cordel em livraria é muito bom é melhor do que feira de artesanato:)

  41. 41 ANA VITORIA

    muito bom um novo jeito de trazer noticia para a população!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  42. 42 vitoria

    euuuuu amoooo cordel ja fiz uma apresentaçao na minha escola e ooooooootiimoooo que criou o cordel esta de parabensss beijoaooooo xauuuu
    cambio desligoooooooo

  43. 43 marcos

    sou negro amooooooo literatura de cordel mas eu sou negro negro negro falo negro ando negro canto negro….mas eu honro minha raça porque eu souuuuuuuuuuuuuuuuuuu neeeeeeeeeeeeeeegrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo…assinado marcos rafael da escola municipal santa maria

  44. 44 karina gatinha

    leitura de cordel é muito interesante eu principalmentel adorei vou pedir para a professora de computaçaõ passa mais texto sobre leitura de cordel la na escola todo mundo adorou leitura de cordel eu exatamente fui a primeira mas tambem quem naõ gosta de leitura de cordel

  45. 45 karina gatinha

    poeta:karina

    quem sue eu?
    sou dona do meu coraçaõ
    vivo por ai,sem rumo
    sem direçaõ

    aos meus amigos
    quero dizer amo todos
    cada um com sua
    maneira de dizer

    mais falta palavras
    para exclarecer

    no amor adoro amar
    mais quase tudo
    tem que acabar

    mais hoje estou
    aqui e estou
    muito…

  46. 46 Maria Amador de Sousa Abreu

    Sou uma apaixonada pela Lieratura de Cordele gostaria de receber muitas informações ou conhecimentos sobre a mesma, como também entrevistar alguém que faz parte dessa encantada Lieratura, estou trabalhando um projeto com os meus alunos do Ensino Médio da Escola EstadualJacob Guilherme Frantz de São joão do Rio do Peixe e o nome do Projeto é:APRENDENDO E PRODUZINDO COM O CORDEL. Queria receber informações ou mais conhecimentos para enriquecer os meu projeto, pois os educandoas já estão produzindo textos em forma de cordel, cada um mais lindo que o outro.

    Abr@ço
    Maria Amador- São João do Rio do Peixe- Paraíba.

  47. 47 katryne

    eu adorei a literatura de cordel eu percebi que essa literatura e uma coisa importante para todos nos.