Hitler tinha dignidade. Aquele que é considerado o mais desumano dos desumanos, o mais cruel e psicótico, o auge do bestial, da total desatino amoral. Justamente por causa de sua vileza, de sua “missão” desajustada, de sua grandiloqüência, resguardava uma dignidade.

Mas onde poderia existir, uma mínima migalha, uma fagulha de dignidade no empreendimento de Adolf Hitler?. Simples. O fato, de esse empreendimento ser um projeto, ser um plano, ser uma arquitetura. Uma arquitetura diabólica, mas era uma arquitetura. Para esse hediondo projeto ser executado foi necessário equipar exércitos, dar a esse exército um símbolo, a suástica poderosa, que por si só já simbolizava o poder que se auto-concedia, a babaquice ariana. Era necessário a construção de fortes, de escritórios de inteligência. Era necessário pagar salários. Conquistar territórios. Era tudo visível. Tragicamente visível. Mas era visível.

A dignidade estava aí. Na visibilidade. De ter um ideal, totalmente aberrante, mas ainda assim um ideal. Assumir esse ideal perante o mundo. Se posicionar com esse ideal perante o mundo. E aí sim. Poder atacar e o mais importante: poder ser atacado. Estar minimamente exposto, ao inimigo, que tinha condições de traçar um contra-plano. Uma estratégia que visasse desmantelar todo esse disparate.

A última do anedotário do caráter nacional é o de se utilizar de informações privilegiadas para conseguir empréstimos ilegais em nome de aposentados. Empréstimos descontados na folha. Quando a vítima se da conta, já era. Terá de enfrentar um via crucis pela eficiente justiça nacional para tentar conseguir mostrar que nunca pediu um mísero empréstimo consignado.

Quem comete esse delito? É alguém armado? É alguém vestido com uma farda assustadora? É alguém que justifica seus atos com uma ideologia estaparfúdia? Não. É alguém que está no meio do SISTEMA, em algum lugar, incógnito, blindado pelas inúmeras veias da nossa estúpida burocracia. Essas pessoas são aberrações? São bestiais? São hediondos? Não! São medíocres. São pessoas que gozam em se expor à vizinhos de condomínios e de bairros que conseguiram comprar um carro do ano. Que conseguem jantar fora uma vez por semana. Que viajam para o exterior uma vez por ano. É só para isso. Elas não querem dominar o mundo. Elas não querem purificar a raça, elas não têm nenhum projeto contundente. Elas são traiçoeiras. Elas freqüentam igrejas, compram presentes para sobrinhos no aniversário e no natal. Pagam a conta de luz em dia, pegam táxi, vão ao cabeleireiro e ainda comentam. – Esse país nunca vai dar certo.

O que me entristece é ter ciência que elas não são exceções. São mais a regra. É o nosso traço mais patriótico. A ratoeirice. A vantagem pequena. A vantagem de curtíssimo prazo. Por que não temos visão. Não sabemos o que é o futuro e nem aonde ele possa estar. O brasileiro é fã do sucesso conquistado ao acaso. Adoramos histórias aonde o modelo é descoberto tomando um drinque na praia. Odiamos histórias de engenheiros brasileiros que presidem multinacionais lá no exterior, por que eles se esforçaram, isso não é romântico. Não tem o dedo da sorte. É sem emoção.

Preferimos aqueles que ganham na loteria. Que herdam fortunas. Que vivem de renda. Que nos transmitem um ideal de felicidade sem conter esforço, estratégia. E ainda chamamos isso de brasilidade, de latinidade, de um traço cultural. E me desculpem isso não é traço cultural. Isso é uma doença. Isso é uma psicopatia social. Somos um conjunto de pessoas tão adoradoras do fracasso que não projetamos o sucesso. Precisamos, necessitamos de todas as nossas mazelas, para poder rechear nossas conversas com cabeleireiros e taxistas. Precisamos acreditar que os políticos são a excrescência de nossa “comunidade” pueril e batalhadora. Mentira. Eles são o nosso imenso espelho. Dessa forma insensata, descompromissada e displicente com o qual existimos há séculos. Jogando uma batata quente moral, já fomos império, já fomos ditadura, somos república, e muita coisa mudou. Muita coisa para melhor. Mas ainda não conseguimos barrar esse nosso inimigo sem face e perene. Que produz um holocausto por década. De mortes e mais mortes conseqüentes, daquele pequeno e irrisório desvio. É assim. Não me venha ninguém dizer que não.

Amar não é ser complacente, eu amo o Brasil e por isso não sou complacente. Temos um desvio de caráter, eu não sei como corrigir isso. Vou continuar investigando. Quando achar uma resposta eu garanto que aviso. Isso tudo o que eu falei é exagerado, mas mais exagerada é a quantidade de mortes nas estradas do Estado de São Paulo durante o feriado de julho, aproximadamente 800 pessoas, ou para ser mais exato, quatro, eu disse, quatro acidentes do avião da TAM. Adolf Hitler? Era aquele cara de bigodinho ridículo. O nosso inimigo? Não sei como ele é e não tem como saber.




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5 Comentários para “Com a licença da poética, eu sou mais Hitler!”

  1. 1 Andre L. Soares

    Uma coisa tem-se que admitir: Hitler, desde sua primeira tentativa de chegar ao poder (que lhe custou 5 anos de prisão) disse a que vinha. Não se fingiu de cordeiro, sendo lobo. Então, seguiu quem quis.

  2. 2 rsrsr

    Concordo, Hitler nao se fingiu de cordeiro, nao foi como os nossos atuais governantes e políticos que, covardes, se disfarçam em cordeiros.

  3. 3 veronica

    eu odeio o hitler matou todos os perentes da minha mae aquele nazista idiota e se alguém gosta dele tá ferrado

  4. 4 Jully

    Hitler?! Não se tem nem oq comentar…cruel e inescrupuloso!! Gostar dele?! … NUNCA!!

  5. 5 Ana Francisca Portugal Guimarães

    Realmente, não há como aprovar as consequências das atitudes de Adolf Hitler, mas há como elogiar, sim, sua maneira de conduzi-las…
    Hitler possuía uma oratória invejável. Dono das palavras, das idéias e de ideais não poupou esforços para fazer com que o que acreditava fosse visto como verdade absoluta aos demais.
    Ao contrário dos que muitos pensam, não usou de força bruta para convencer aos que lutaram ao seu lado. Seu vigor em querer mostrar que sua posição era a correta, naturalmente influenciou aqueles que permaneceram ao seu lado, até o momento de sua morte, sem abandoná-lo…
    O mundo precisa de “Hitlers”, que pregam o amor, a bondade, a essência da vida, porque acreditam que somente assim, poderemos criar uma raça pura, limpa, humana!
    Hitler conseguiu convencer, porque acreditava em sua busca e nisso, podemos admirá-lo!