No episódio anterior:

(em gramellot)
A Morte de Nanã. Grande receptividade. Vários prêmios. Confiantes. Internet. MERDA. Vamos? Vamos. Secretário Municipal de Cultura. Não recebeu. Bar do festival. Pouca grana. Políticos. Empréstimo. Van. Horas e horas. Poa. Apartamentinho. Maconha e bebê. Hotel. Pocilga. Choro. Roubada.

E agora:

Bom, na manhã seguinte renovamos nosso ânimo e passamos um dia agradável conhecendo alguns pontos de cultura da cidade.

À noite, começava a mostra de esquetes e fomos ao espaço. Quando chegamos, a primeira esquete estava sendo apresentada. A única palavra que me vem à mente para descrever nossa surpresa é desespero.

A mostra era apresentada num bar (ponto de encontro) do festival internacional e inacreditavelmente os freqüentadores, supostamente gente de teatro, não mostravam nenhum respeito pelos trabalhos apresentados. Conversas em alto volume, risadas, alguns gritinhos agudos(afinal era Porto Alegre) e os atores, pobrezinhos, se esgoelando para conseguir um pouco de atenção, que lhes era negada como esmola em casa de turco.

Ficamos extremamente preocupados com a nossa cena – A Morte de Nanã – que tem um caráter extremamente intimista (constituía-se de um relato de um pai sobre a perda da filha em uma das maiores secas do nordeste)

Corremos pelo espaço (usina do gasômetro) procurando alternativas de local para apresentarmos nossa cena. Deparamo-nos com uma imensa má vontade da organização do Porto Alegre em Cena para com a mostra de esquetes (MERDA). Parece que de muito má vontade a organização tinha permitido às meninas (que de sua parte tinham muito boa vontade, mas nenhum poder político), a realização do evento e não se interessava e/ou estava nem um pouco disposta a atender os grupos participantes em nenhuma de suas solicitações. A ponto de, após eu explicar a minha necessidade espacial, um rapaz incumbido do local, chamar de frescura a nossa concepção ( e olha que de frescura ele era bem entendido).

Depois de muita articulação conseguimos combinar a apresentação para um espaço ainda nada adequado, cedido com muita má vontade. Para conseguirmos 1 (UM!!!) refletor (UM, pelo amor de Deus!!!), também foi uma briga (não literal apesar de nossos impulsos). Mas afinal ficou marcada, para dali dois dias, a apresentação em uma sala, ao lado do bar, na qual ainda se ouvia toda a algazarra vizinha.

Enquanto isso, no apezinho das meninas rolou uma festinha e nela a gente apresentou, apenas como brincadeira, a nossa esquete viadologia. Foi um sucesso, um gordinho riu tanto que saiu cerveja pelo nariz. E as meninas nos aconselharam a nos apresentar em uma festa maior, com muitas pessoas, que acontecia após os espetáculos do festival.

Muito confiantes, topamos e fomos todos animados na van. Chegando no local vimos que tinha até um palquinho. O organizador da festa, muito solícito, mandou o DJ calar o som e o silêncio instaurou-se para nossa Viadologia. Duzentas pessoas suadas pararam de pular como macacos e dirigiram suas atenções ao pequeno palco. E começamos. Já na primeira piada, a platéia toda… de maneira enfática… caiu em uma tremenda… e absolutamente vigorosa… sisudez. Parecia uma epidemia de paralisia facial. Na platéia, o Danilo (ator do grupo), riu: AHAHAHAHaHaHahahahahahahahahahah…  e, percebendo a cara absolutamente séria de todos à sua volta, parou e fingiu que não estava gostando.

A cada nova piada, a mesma reação. Ou seja, nenhuma reação. Após poucos minutos, o público foi abandonado os arredores do palco. E em pouquíssimo tempo, estávamos nos apresentando para uns vintes bons samaritanos, que por amor cristão não nos abandonaram.

Enquanto eu me perguntava, o que estava acontecendo (afinal já tínhamos apresentado aquele trabalho umas dez vezes, sempre com grande sucesso) O organizador da festa me disse, com cara feia e batendo com o indicador no relógio:

– E aí, vai demorar muito?

Eu quase cavando o chão para enfiar minha cabeça respondi:

– Mais uns cinco minutos.

Não passou dois e ele volta:

– Se não acabar eu vou ligar a música por cima!

Então eu, disfarçadamente, com as mãos pra trás e assobiando, cheguei do lado do palco e, com a boca torta, sussurrei ao Mateus Lopes:

– Pára tudo e vamos embora.

Ele primeiro se indignou, pensando que eu o estava dirigindo em cena, depois se conscientizou que a minha estupidez não era tanta e, no meio da cena, perguntou baixinho:

– O quê?

– Pára tudo e vamos embora.

– O quê, porra?!

– PÁRA TUDO E VAMOS EMBORA.

Ele logo achou que o machões de Porto Alegre não tinham gostado das brincadeiras e que iam nos pegar lá fora, nos infligindo imensa dor com seus beliscos, arranhões e puxões de cabelo. Então ficou pensando alucinadamente uma maneira de terminar a esquete naquele ponto. Não foi preciso. Pois logo após uma frase do Wagner (na época integrante do grupo), o organizador da festa começou a aplaudir e ligou a música.

E eu naquele exato momento, profeticamente falei:

– É melhor deixar o resto para outro epsiódio pois o post está muito grande”

Na época, ninguém entendeu nada, e continuaram sem entender até hoje, quando o post foi publicado.

(continua….)




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