Pequod é o nome da embarcação que sai em busca da baleia Moby Dick. O autor Hermann Melville batizou assim para homenagear uma antiga tribo indígena da América do Norte que foi extinta com a colonização européia.

A Cia. Pequod – Teatro de Animação assim chama-se por considerar que também está atrás de uma Moby Dick, de um sonho, de uma conquista, que é sempre desafiadora.

Ainda no primeiro dia da Mostra de Coletivos Teatrais do SESC,o Blog do Pé teve a honra de conversar com Mário Piragibe, ator e manipulador de bonecos, logo após a apresentação do espetáculo “Filme Noir”, nesse espetáculo especificamente Piragibe não atua, mas ele atuou na noite seguinte no excelente Peer Gynt, também dentro da Mostra.

A Cia. Pequod é uma companhia fundada em 1999, uma das poucas do Rio de Janeiro que se dedica ao teatro de animação. Ela trouxe para a Mostra de Coletivos Teatrais dois espetáculos: “Filme Noir” e “Peer Gynt”, sendo que o primeiro mereceu em 2005 o Prêmio Shell de Teatro na categoria iluminação.

Nesse Blog Pé vocês também encontram a entrevista feita com o diretor da Pequod Miguel Vellinho.


Mário Piragibe

Teatro do Pé – Como você começou a trabalhar na Pequod?
Mário Piragibe –
Sou um membro relativamente recente da companhia. Entrei para a montagem do Peer Gynt que é de 2006. Comecei a trabalhar com a Pequod em 2005. Na verdade a Pequod é o tema da minha tese de mestrado. Dissertação de mestrado. E acabei sendo chamado. A minha função na Pequod no momento é trabalhar como ator e manipulador.

Pé – E no caso específico do “Peer Gynt”?
MP
– No caso do “Peer Gynt” a situação é um pouco mais complexa. No Peer Gynt tanto eu como todos os outros em cena, nós somos manipuladores e atores alternada e simultaneamente.

Pé – Vocês experimentaram isso no final do Filme Noir.

MP – Um pouco do que teve no final desse espetáculo. É engraçado como a Cia. ao longo do repertório dela, mostra uma espécie de percurso de experimentação que dá pra você perceber muito claramente! Na primeira peça, que é 1999, os bonecos não falavam, havia uma questão de exploração espacial, que já era com o uso desses balcões móveis que são levados e tal… Por que é um dos pontos fortes da companhia é essa idéia de não restringir o teatro de bonecos àquela janelinha, àquelas mesas estáticas, é tentar ganhar o espaço do palco inteiro. E o boneco no início só faz aquelas pequenas augaravias, como é que o texto vai começando a se imiscuir dentro da relação dos personagens, do jogo com os atores, como é que isso faz com que os atores cada vez mais tomem partido, tomem rédea, e dividam essa tarefa expressiva junto com os bonecos.

Pé – De onde vocês partem para fazer a história?
MP – Olha só, ai vamos ter que falar em termos de espetáculos definidos. Acabamos de ver “Filme Noir”. A idéia em “Filme Noir” era explorar não só o universo temático e o universo plástico desse tipo de cinema americano. Que é o cinema Noir, aquele cinema da década de 30, 40. Humphrey Bogart, Orson Welles, Falcão Maltês, Dashiell Hammet
Todas essas inspirações, de como a luz é trabalhada, de como tem uma coisa que é narrativa. Como é que conta a história a partir de saltos de tempo. Tem sempre um mistério e esse mistério é sempre escondido, através de coisas na seqüência da história que não é contada para as pessoas.Vai “PLÁ”, corta um tempo, a gente não sabe o que aconteceu. E é até um tipo de cinema que influenciou muito um monte de coisas que foram feitas depois e tal. E na verdade, a inspiração… Não dá pra dizer que Filme Noir é inspirado em um filme ou um roteiro específico. A idéia é fazer a exploração desse universo, dessa estética.

Pé – Como vocês constroem a história que vocês apresentaram? Me parece que não vem de um texto, vem de uma série de experiências que daí surge um texto.
MP – Na verdade o roteiro final é o resultado de uma composição. Não dá pra dizer que não tem uma redação, não dá pra dizer que não tem um texto. Não! Mas é um texto que é muito influenciado pelos resultados que o trabalho com os bonecos se efetua. Nessa peça então tem uma coisa muito bacana é, como assim, tem as ações dos bonecos e tem a história que o cara tá contando, que você acha que é a voz das lembranças de um dos personagens.. de certa maneira até é, né? Mas no final da peça existe uma brincadeira de fazer um corte….

Pé – É metalinguagem?
MP –
Ele é totalmente metalinguistico. O teatro de animação é metalingüístico por essência!




Deixe seu Comentário



2 Comentários para “Entrevista com Mário Piragibe da Cia. Pequod – Teatro de Animação”

  1. 1 marcos

    oi sou analista de artes e prof de artes no sesi em SP preciso de mais informções sobre a tese como fazer um mestrado na area me de umas dica amigos adoro artes e amo teatro de bonecos

  1. 1 Entrevista com Miguel Vellinho, diretor da Cia. Pequod - Teatro de Animação at Blog do Pé