Há alguns anos atrás, dois amigos uruguaios tiveram um grande senso de oportunidade. Eles perceberam que se tirassem fotos de turistas montados em um lindo cavalo, e os turistas caracterizados de Emiliano Zapata, o grande líder revolucionário mexicano, poderiam levantar uma boa grana. Juntaram suas parcas economias e migraram do Uruguai para o México, para a realização desse grande empreendimento. Para o azar deles, o mercado de comercialização de eqüinos tinha muita procura e pouca oferta, com elevadas altas nos preços, o que descaracterizou um pouco o sonhado negócio, tiveram de abrir mão do cavalo para adquirir um não tão belo burro. O negócio deu tão certo, tão certo que hoje em dia eles são atores, integrantes do grupo de circo-teatro The Pambazos Bros. O fracasso com o negócio de Zapata frustrou muitos turistas que até hoje vagueiam pela Cidade do México procurando e perguntando – Mas cadê aqueles dois que tiravam fotos da gente sobre um burro?

Aqui reproduzimos a entrevista que o Blog Teatro do Pé realizou com Jorge Zargazazú, Diego Martinez, os dois amigos uruguaios, após duas apresentações seguidas do The Pambazos Bros, na friorenta sexta-feira 13 de julho de 2007 que marcou a abertura da Mostra SESC-Santos de coletivos teatrais.

Teatro do Pé – O que é o The Pambazos Bros, artisticamente?
Jorge Zargazazu – É um grupo que pesquisa teatro de rua, pesquisa a interação com a platéia, improvisação e trabalha com ferramentas circenses.

Pé – O que é o “La Mutante Varieté”?
Diego Martinez – É uma idéia que surgiu…, para falar dos circos do começo do século passado, que tinham como atração os “freaks”. Eles tinham a tradição dos freaks. Depois se tornou ilegal fazer isso. Tinham as irmãs siamesas e umas coisas estranhas. Nós revisitamos esse universo com humor. Nós fizemos os “freaks” só que de maneira engraçada. Basicamente é isso.

Pé – E o Magika Merluza?
J.Z – Magika Merluz é um espetáculo de mágica, de… mágica, de…mágica (risos) é isso, é Mágica Merluza.

Pé – A origem de vocês foi do teatro para o circo ou do circo para o teatro?

J.Z – Foi do circo para o teatro, na verdade antes de mergulharmos no circo, nós já havíamos experimentado o teatro, mas foi com o circo que começamos a trabalhar efetivamente.

Pé – Qual que é o referencial artístico do The Pambazos Bros?
D.M – Nós temos uma característica, que é basicamente a característica do teatro de grupo, que nós começamos trabalhando. Antes de receber muita informação nós saímos a rua. Saímos a rua, para fazer…e fazer. Aí era ensaio e erro, testando. Fazíamos de cinco a seis apresentações em um sábado. Aí fomos aprendendo. Depois que já estávamos trabalhando começamos a fazer oficinas, conhecer palhaços, conhecer malabaristas, conhecer atores. Conhecer mais um pouco do movimento de teatro de rua. E aqui para o Brasil, nós viemos por um grupo chamado LUMEN,.

Pé – Lá de Campinas.
D.M – É. E em especial com o Ricardo (colocar o nome completo do Ricardo e sua função no LUMEN) que é um palhaço, é um ator, a gente assistiu o trabalho dele no México e gostamos muito. Eu poderia falar que aqui do Brasil ele é uma referência para a gente.
Pé – Como é feito a direção do trabalho de vocês? É uma auto direção?
J.Z – É uma direção coletiva. Quando estamos em processo criativo às vezes nós solicitamos assistências. E depois o que a gente costuma falar, é que a direção é muito do público, da resposta do público.

Pé – O que funciona e o que não funciona.
D.M – É a gente diz, que quanto mais apresenta, mais ensaia. Nós podemos ensaia muito o que a gente faz.Mas na real não tem nada a ver depois o que a gente ensaia e o que acaba ficando como resultado final.

Pé – E por que espaços alternativos? É uma atitude política ou prática?
(Eles ficam se olhando para ver quem responde e decidem por Jorge)
J.Z – Eu acho que cada vez se assiste menos na sala. Cada vez menos… ,é meio complicado. Cada vez tem menos acessos a teatros. Se o público não vai para o teatro o teatro tem de ir para o público.

Pé – Além de espaços alternativos vocês tem trabalhos em Cadeias, FEBEM?
J.Z – Sim. Por que esses também são espaços bastante alternativos.
D.M – Aí eu acho também, aí acontecem coisas bem loucas. Eu me divirto mais fazendo em espaços assim do que em salas convencionais.

Pé – É uma escolha estética?
D.M –
Também.

Pé – Além do La Mutante Varieté e do Mágica Merluza, quais sãos os outros trabalhos do grupo?
J.Z –
Esses são os dois únicos espetáculos que nós montamos. Nós temos outros números circenses. Mas espetáculos só esses dois.




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2 Comentários para “Entrevista com o The Pambazos Bros.”

  1. 1 Eraldo Rosa

    Otima reportagem! Linkei no meu blog.

    Vou assistir o espetáculo La Mutante Varieté, amanhã.
    Eles parecem otimos! abraço

  1. 1 Mostra SESC de Coletivos Teatrais at Blog do Pé