Entrevista com o Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo
2 Comentários Publicado por Daniel Lopes em 19 de julho de 2007 em Amigos, Cultura Popular, Entrevistas, Espetáculos, Eventos, Geral, Grupos, Teatro, Teatro do Pé.O segundo dia de apresentações da Mostra de Coletivos Teatrais do Sesc –Santos iniciou com a apresentação do Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo. Eles apresentaram na manhã de sábado, 14 de julho, o espetáculo “Pinta de Palhaço”, em pleno calçadão do Gonzaga, um bairro comercial de Santos, atraindo uma boa quantidade de público.
Os Pavanelli também destacam-se por terem iniciadores do movimento organizado de teatro de rua. E têm conquistas políticas e artísticas, que eles compartilharam um pouco conosco nessa entrevista concedida exclusivamente para o Blog do Pé.
Teatro do Pé – O que é o Núcleo Pavanelli de Teatro de rua e Circo?
Simone Pavanelli – O nosso trabalho até agora tem sido a pesquisa circense e como o circo se encaixa no Teatro de Rua.
Marcos Pavanelli – É a nossa proposta é de fazer teatro de rua, na rua… teatro fora do palco!
Pé – Isso, vocês exploram essa experiência na rua.
SP – Nós temos duas questões muito fortes que é o circo e a rua e os coletivos. Por que o nosso trabalho em cena é o circo, é a diversão, é a tradição… mas o Marcos se formou numa família tradicional que viveu trabalhou, e então nós mantemos isso mas não como uma forma de resgate. Mas por que gostamos, e transforma tudo isso que aprendemos na origem.
Pé – Vocês tem uma atuação política e cultural forte né?
SP: É isso que eu ia falar! Nós começamos em São Paulo vendo a necessidade de unir os grupo de teatro de rua, para que o teatro de rua fosse mais valorizado, tivesse mais divulgação, que fosse incluído nos editais, que fossem criados os editais públicos, por que, em 99 quando começamos, não se falava em teatro de rua nos editais. Não tinha nem essa categoria….
Pé – Era marginalizado.
SP – É! Nos juntamos com outros grupos e fizemos o primeiro seminário de teatro do rua, que foi no barracão cultural Pavanelli, e desse seminário que surgiu o movimento de teatro de rua da cidade de São Paulo. Fomos integrantes durante alguns anos e hoje não somos mais…
MP – Por que, quando começamos, como todo o grupo que começa, sentimos muita dificuldade de dar continuidade ao nosso trabalho. De fazer isso como uma profissão, como o principal da nossa vida, que fosse o circo e que fosse o teatro. Em nosso caso o teatro de rua… E agente tinha muito essa dificuldade, por que não existia, não tinha… É uma coisa que não vende, se vende as pessoas querem pagar muito pouco, então quer dizer… não tem mercado. Então não adianta falar que vai existir um mercado de teatro de rua, porque não vai! Isso é balela… a não ser que você fique famoso e ai não entra aqui na nossa realidade. Dos reles mortais que somos nós artistas. O nosso trabalho parte do pressuposto que nós somos artistas, quer dizer, trabalhadores da arte. Não queremos ser famosos, nem estrelas. Apenas desenvolver o nosso trabalho dignamente, como um trabalhador qualquer.
Pé – Vocês foram contemplados com o Prêmio Funarte Myriam Muniz. Que foi resultado da batalha de vocês.
SP – Sim. E com a Caravana! (Prêmio Caravana Nacional da FUNARTE)
Pé – Vocês conseguem hoje com o Miriam Muniz, exercer exclusivamente o teatro de rua?
MP – Fazem dois anos que já estamos trabalhando de uma maneira mais tranqüila, por causa desses prêmios.
SP – O Miriam Muniz já acabou.
MP – O Miriam Muniz foi em 2006, no começo de 2006 e terminou no final de 2006. E ai, no finalzinho de dezembro, tivemos a boa sorte de ser contemplados com a Caravana Nacional da Funarte. Conseguimos emendar um projeto no outro e dessa forma demos uma continuidade. Isso dá pro grupo uma base boa. Temos mais tempo de pesquisar, de trabalhar, de pensar sobre o trabalho.
Pé – No site (www.nucleopavanelli.com.br), vocês têm um acervo de pesquisas. Vocês têm um projeto específico para a divulgação dessas pesquisas?
SP – Não. Aquela pesquisa que está no site foi uma pesquisa que agente fez em 2000, pra montar o primeiro espetáculo. Nós pesquisamos a origem do circo no Brasil e no mundo, o circo, o palhaço, o palhaço brasileiro, não só a pesquisa teoria, nós fomos a campo e ia visitar o circo. Mas o que agente vai colocar no site e no blog é o material desses projetos com o governo. Tem muita palestra, muito material bacana…
MP – Nós fomos para o Rio de Janeiro e ficamos 10 dias lá. E a nossa ida pra lá, nós começamos a organizar tudo antes, uns 3 meses antes. E quando nós entramos em contato com os grupos do Rio de Janeiro, dizendo que iríamos pra lá e iríamos propor uma mostra de teatro de rua lá. Eles começaram, a partir de nosso convite, a se articular entre eles para criarem um movimento de teatro de rua a nível estadual, lá no Rio de Janeiro. E ai isso pra gente foi muito gratificante, por que foi a partir de um convite nosso, de um projeto que iríamos organizar lá… que eles sentiram a necessidade de articulação.
Pé – A formação do grupo é fixa? Como vocês trabalham?
MP- Não.. Os únicos fixos mesmo sou Eu e a Simone. O Harley Nóbrega (outro integrante do “Pinta de Palhaço”) já está há dois anos com agente e o Paulo (músico do “Pinta de Palhaço”) já tinha trabalhado com a gente, ficou um tempo longe, e agora voltou de novo.
Pé – A impressão que dá é que o circo, como um todo, teve uma retomada de interesse, tanto do público como pelos criadores! A que vocês atribuem isso? A todo esse movimento, ou ao Circo du Soleil?
SP – Acho que as pessoas estão descobrindo o quanto o circo é bom. Haha… O quanto é divertido e o quanto dá prazer.
MP – Eu acho que é mais fruto do trabalho de resistência das pessoas envolvidas com o circo. Por exemplo, as pessoas que fazem e que saíram do circo… Eu conheço uma família que saiu do circo, eles trabalharam a vida inteira no circo e chegou um momento que não dava mais. Eles queriam que as filhas fossem estudar, e ai saíram do circo… mas eles não deixaram de fazer circo.
SP – É a família Medeiros.
MP – Eles começaram a dar aulas, a fazer shows em aniversários, e o que eles faziam no circo eles começaram a fazer fora do circo.
SP – E nessa época que eles começaram, vários outros circenses tradicionais foram dar aulas em oficinas culturais. E ai, muita gente teve acesso, então começou também… O Harley também fez com a família Medeiros. Tem o Circo Escola Picadeiro, um monte de gente dando aula e isso forma…
Pé – Tem alguns casos de processo ao contrário não é? Geralmente o pessoal de circo anexa o nome Circo Teatro. E agora está acontecendo do pessoal de teatro que busca a estética circense para utilizar nos trabalhos.
MP – É mas isso já vem desde os anos 80 que o teatro começou a buscar o circo. Mas eu acho também que o circo é uma coisa viva. Não vai morrer nunca! Sempre vai ter alguém querendo fazer e tendo alguém quem faça, sempre vai ter alguém que assista.
legal esta entrevista,era td o q eu procurava!!!!
Queridos,
Somos da banda teatral De Carona e estamos nos organizando para sair também como Bloco Carnavalesco e queríamos convida-los.
Vocês são muitísssimos simpáticos e muito gostaríamos que estivessemos conosco..
Entre no nosso site:
http://www.usinadramatica.com.br/decarona
Nosso contato: usina@usinadramatica.com.br
Vamos sair na quarta feira de cinzas, 21h da Praça Roosevelt. Será um percurso pequeno. (em volta da praça.
Beijos
Parabéns!